Monstros Antigos
de Porfírio Silva
Sobre o livro
Escrever poesia é uma necessidade quando o dia do cão negro espreita, quando se desequilibra a única aresta do tempo onde passados e futuros se encontram. O que é difícil, em tempos difíceis, é não meter os poemas em trincheiras. Temos de evitar a todo o custo que os poemas se metam em trincheiras. As trincheiras, mesmo que se destinem a ser sepulturas, são cómodas: dizem-nos de que lado estamos, quem supostamente são os nossos e quem supostamente são os outros, para que lado disparar.
Só que uma poesia de urgência não pode entrincheirar-se. Pelo contrário, tem de encontrar os caminhos para se chegar ao sítio onde sempre se esteve e que continuam a parecer pátrias estrangeiras. Porque só o estranho pode tornar-se uma pátria.
O Autor