Manoel de Oliveira - Fotobiografia
de Júlia Buisel
Sobre o livro
Quase a completar 94 anos, e em plena actividade (um filme a estrear - "O Princípio da Incerteza" - e outro em rodagem - "Um filme Falado"), o cineasta Manoel de Oliveira vê agora publicada a sua fotobiografia, organizada por Júlia Buisel, colaboradora de mais de duas décadas, e "muitas conversas no labirinto do cinema e da vida".
É um "itinerário pelo mundo oliveiriano", uma obra de setenta anos, começada ainda nos tempos do cinema mudo, em 1931 com "Douro, Faina Fluvial". Uma vida e uma carreira quase com a idade do cinema. Evocações , a família, o artista quando jovem desportista (foi vice-campeão do salto à vara e, como piloto de automóveis, conquistou um terceiro lugar no mítico circuito da Gávea, numa prova ganha pelo célebre Pintacuda), as tertúlias, os amigos, o cinema.
São dezenas de fotografias, documentos (entre eles o processo da PIDE quando da prisão do realizador em 1963, e os abaixo-assinados exigindo a sua libertação - curiosamente dois: um de artistas, jornalistas, e outros, opositores do regime, como Paulo Rocha, Fernando Lopes, Baptista Bastos, Nuno de Bragança, etc.; e um outro, de simpatizantes do Estado Novo, como António Lopes Ribeiro ou António Manuel Couto Viana) , reproduções de cartazes, fotogramas, cartas(de Casais Monteiro, Régio, André Bazin, Georges Sadoul, Wim Wenders; Luís de Pina, Henrique Alves Costa, etc.; e de Manoel de Oliveira - numa delas, a Casais Monteiro, convidando-o para ver "Douro, Faina Fluvial" e "Hulha Branca", o humor do cineasta, uma característica que sempre o acompanhou, é visível quando remata a carta assim: "E aí em Coimbra, V. quer que se assista à exibição de casaca ou farda, ou à moda do Minho? São coisas que convém saber ! Também pode ser de máscaras carnavalescas para no caso de não acharem graça aos filmes, acharem-na uns aos outros. É uma ideia.") , depoimentos (de actores - Maria Barroso, Marcello Mastroianni, Piccoli, Irene Papas, Ruy de Cravalho, Glória de Matos, Isabel Ruth, Luís Miguel Cintra, Leonor Silveira, Maria de Medeiros, etc; de realizadores - Bertolucci, João Botelho, Paulo Rocha; do director da Cinemateca Portuguesa - e actor em alguns dos seus filmes -, João Bénard da Costa, da escritora Agustina Bessa-Luís, da qual adaptou várias obras, da pianista Maria João Pires, do cantor e músico Pedro Abrunhosa, etc., etc.).
No fim do livro, uma filmografia completa e uma lista de prémios (cerca de cem até à altura) do mais prestigiado realizador português, um dos melhores do mundo.