Lopes Gonçalves
de Francisco Vieira da Silva
Sobre o livro
Albano Justino Lopes Gonçalves (Braga, 1863-1929) foi uma figura igual a tantas outras que soube viver a vida; ou melhor, deixou que a vida o deixasse viver…
É na música que começa a distinguir-se. Religiosa, profana, tanto faz! Música é arte e ele era um homem da arte.
Retiremos esta sua paixão e encontramos um homem vulgar. Temperamental, rígido, orgulhoso - como manda a lei militar. É precisamente por um acto de orgulho que o seu nome se começa a destacar.
Primeiro, como presidente da câmara de Lourenço Marques. Chamado para colocar em ordem as depauperadas finanças, não só consegue esse objectivo como dá início a toda uma obra, que ainda hoje é visível, conotando-a como uma das mais europeizadas cidades africanas.
Segundo, como presidente da câmara (1912-1915) da sua terra natal. A convite do seu grande amigo Manuel Monteiro transforma-a. A municipalização dos serviços de gás, electricidade, viação eléctrica, os melhoramentos e as alterações porque passa a cidade - num curto espaço de três anos, tantos quantos exerceu as funções - fizeram dela um estaleiro a céu aberto. Não houve rua, alguma, que não sentisse os efeitos do progresso.
Terceiro, como presidente na Confraria do Bom Jesus do Monte. Por sua iniciativa esta estância passa, também, por melhoramentos e alterações, transformando-a no local paradisíaco que ainda hoje é o orgulho dos bracarenses. Quem não conhece o ditado: "Ver Braga por um canudo?"
Como sonhador, sim! Como sonhador. O que se pode chamar ao projecto de ligar toda a região do Minho por uma rede de tracção eléctrica e ir buscar a energia necessária às quedas do Lindoso? "Desde o início da humanidade que todas as obras partem de um sonho…"