Sobre o livro
A Estética Musical, que foi no Século XIX a instância suprema do pensamento sobre a música, encontra-se hoje, nos seus detractores, exposta à suspeita de ser especulação ociosa, pairando demasiado acima da realidade musical, para lhe dizer respeito ou nela intervir. Não deve, porém, ignorar-se que os juízos sobre a música - e até sobre toda a actividade musical - são sustentados por pressupostos estéticos, de que importaria tomar consciência, quer para deles se certificar, quer para o seu respeito ganhar uma distância crítica. O presente livro não parte de um dogma ou de um método que se arrogue a validade exclusiva. Esboça, pelo contrário, o desenvolvimento da estética musical desde o séc. XVIII e é ao mesmo tempo uma tentativa de escolher entre os dados da tradição o que é significativo para o presente. A exposição histórica e a sistemática compenetram-se, pois o sistema da estética é a sua história. A tese subjacente a este livro é a seguinte: não há separação entre a história da música e a valoração estética do objecto musical. O valor estético da obra artística é também um problema histórico. Carl Dahlhaus traça o trajecto de várias concepções filosóficas da música desde o séc. XVIII até ao nosso século.