Sobre o livro
"O jornalismo pode ser assim, fidedigno e, ao mesmo tempo, sábia e discretamente literatura. E uma reportagem pode ser ela própria uma aventura, e não apenas (nos melhores dos casos...) a narração de uma aventura.
Miguel Carvalho é a prova (se tal carecesse de prova) de que um bom jornalista há-de necessariamente ser um bom escritor. Não provavelmente um ficcionista, ou um poeta, mas um homem de semelhante ofício, talvez ainda mais perplexo e mais exigente por lhe ser vedado levantar voo longe de mais dos factos, ou daquilo que as convenções do género jornalístico têm por factos.
Se este livro de reportagens se lê como literatura, é por ser profundamente jornalismo.
Se nesta escrita concorrem, de modo quase conversado, simultaneamente distante e complacente, o grotesco e o lírico, o absurdo e o melancólico, crueldade e ternura, cepticismo e esperança, é porque assim justamente e contraditoriamente é a própria vida."
Manuel António Pina (Do Prefácio)