De Riba-Côa a Roma
de Alcides Gouveia
Sobre o livro
A altas horas da madrugada de um dia escuro de Setembro de 1676, na pacata aldeia de Vilar de Amargo, o Padre João de Barros e Brito foi acordado bruscamente e coagido a deslocar-se à igreja, a fim de ouvir em confissão uma jovem dama e testemunhar o seu envenenamento e enterro numa das campas no interior do templo. O sigilo da confissão impediu-o de revelar o que quer que fosse sobre a identidade da vítima e dos seus algozes, bem como sobre as razões do crime, que determinou o encerramento da igreja ao culto.
Em consequência, o velho pároco empreendeu uma viagem ao Vaticano, com o objectivo de obter o levantamento formal da interdição do templo.
Sobre as obscuridades deste drama, de substrato factual comprovado, o autor ficcionou o enquadramento daquela viagem no tempo e no espaço em que teve lugar.
A narrativa é animada por diálogos vivos - entre o protagonista e o paroquiano que o acompanhou - sobre temas como a fé e a razão, o sigilo sacramental e o celibato eclesiástico, enquanto fazem o balanço histórico da região raiana, que foi palco de lutas decisivas no processo de afirmação e consolidação da nossa independência.
A partir do desfecho trágico de um amor proibido, o romance fornece um condimentado aperitivo para a descoberta da história dos concelhos da região (Sabugal, Almeida, Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel e Vila Nova de Foz-Côa), com particular relevo para o Mosteiro de Santa Maria de Aguiar e para as vilas fortificadas de Almeida e de Castelo Rodrigo. Todavia, mais do que uma narrativa histórica, o livro é um percurso pela beleza, criada e construída, recorrendo a notas com que se compõe um hino à vida.