Da Europa de Schuman à não Europa de Merkel
de Eduardo Paz Ferreira
Sobre o livro
«Que reste-t-il de nos amours?» É a indagação nostálgica de uma bela canção de Charles Trenet, dos tempos da grande música europeia. É, também, de algum modo, o fio interrogativo de um livro em que se questiona a forma como foi possível passar de uma construção europeia destinada a assegurar a solidariedade e a prosperidade de um continente devastado - criando estruturas jurídicas de organização social e económica que se impuseram ao Mundo -, para um continente cada vez mais irrelevante, cujos valores fundadores se desvaneceram quase por completo. Como se passou de um projecto comum, em que todas as vozes e vontades se juntavam, a um (des)agregado de países, alguns unidos por pouco mais do que uma moeda comum, em que os interesses nacionais a tudo se sobrepõem, e os conflitos e ódios florescem? Onde errámos? Nos termos da própria criação do Mercado Comum? No Tratado de Maastricht e nas suas revisões? Nos poderes não controlados, outorgados a um grupo de políticos com legitimação frágil e a uma massa anónima de eurocratas insensíveis? Ou teremos errado ao criar o ambiente que levou à passagem de uma Alemanha Europeia a uma Europa Alemã? Num livro pontuado pela decepção, mas em que persiste a ilusão do grande sonho europeu, há ainda espaço para a apresentação de um programa geral de acção para a Europa: democratizar, desenvolver e "desgermanizar". Existirá uma Europa capaz de responder a este programa?