Crash
de J. G. Ballard; Tradução: Marta Mendonça
Sobre o livro
Ao destruir o seu carro num acidente, assistindo à morte do condutor do outro veículo diante dos seus olhos, James Ballard, o narrador deste livro, descobre o fascínio pela confusão e caos do metal e de superfícies amolgadas, resultantes do impacto entre carros.
É a visão do seu amigo e visionário Robert Vaughan, homem que conduz uma espécie de irmandade de adoradores obcecados com as possibilidades eróticas dos desastres de viação, que Ballard partilha connosco: o derradeiro acidente, uma colisão frontal, um vórtice de sangue, sémen e líquido refrigerante — retrato singular da dependência crescente da tecnologia como intermediária das relações humanas, em que o erótico, o mecânico e o macabro se confundem.
Publicado originalmente em 1973, Crash continua a ser um dos romances mais chocantes do século XX, tendo sido adaptado para cinema, sob o mesmo título e com igual controvérsia, por David Cronenberg.
Tudo começa com um acidente. Metal a torcer, pele a rasgar. O som de chapa a raspar em chapa e o subtil esmigalhar de ossos. O sangue a pingar e os cortes a arder. A excitação a aumentar. Será de mais? Não. É Ballard. Nesta história em que o protagonista é o próprio autor, Ballard apresenta-nos personagens perturbadas que só começam realmente a viver após sofrerem ou presenciarem acidentes de automóvel. Um conto retorcido e detalhado que até pode repugnar mas não deixa de nos fascinar. Será gráfico de mais? Não. É Ballard.