Bichos-de-Seda
de Narciso Pinto
Grátis
Sobre o livro
Para ser franco, nem sei por onde começar; isto é, a lengalenga do costume. Só para esclarecer que, para a criação deste livro, foram precisos meses de solitária meditação em pensões baratas; emigrei de mochila às costas com os salmões que desovam nos altos himalaias durante o sol poente, cruzando os profundos oceanos boreais; tomei banhos d’águardente em companhia de pedinchas e borrachões, em ordem a dar um tom interclassista à coisa, acabando sempre num sururu (não confundir com subaru); fumei de tudo em esplanadas e calinadas semelhantes; frequentei bordéis devidamente reputados, usufruindo de incontáveis virgens dispostas a imolar-se às minhas mãos, honrando assim tão radical contrato, não sem um coro de impropérios e livro de reclamações, mas… dai-me só uns momentos que eu já volto (vou só trocar do word para o papel para ir tomar um cafezito)…
…ora, dizia eu que, com tudo isto, perdi o tino e iniciei um regime de consumo de benzodiazepinas associadas a um anti-depressivo tricíclico, em comprimidos doseados segundo prescrição médica, e autenticado claro está, pelas respectivas autoridades insanas, em envelope lacrado por funcionários públicos em situação de super-numerários; Arranjei um quarto com vista (condição cinema qua none), e ponderei lançar-me do quinto andar de um edifício de betão de uma das metrópoles mais charmosas e cosmopolitas, como golpe publicitário; Oh, sonhar nem sempre é fácil, mas para encher granéis de papelada com amores e desamores ainda vai dando - basta papel, caneta e um cigarrinho a queimar no cinzeiro.! Cumpre-me informar-vos em jeito de fim de reportagem que, o livro esse, poderá ser adquirido por módicas quantias, consoante a flutuação da bolsa, desde as 10.000 rupias, 5.000.000 de liras, 10 euros, 10.02 dólares, 1.000 paus, 100 ducados, 2 SG Filtro, ou até mesmo, 1.00 linha de coca, a pronto ou em suaves prestações, com isenção de impostos a título póstumo. Não renderá nada é certo, mas sempre usufruo dos meus dez minutos de fama, e se possível, para ir pedindo fiado, na habitual pastelaria, umas torradinhas com manteiga a meio sal e um galão (as vacas, dão sempre café e adoçante)…!