As Paisagens Propícias
de Ruy Duarte de Carvalho
Sobre o livro
Nas primeiras páginas de As Paisagens Propícias, é-nos dito que a um homem, Paulino, foi pedido que partisse em viagem, pelo deserto, em busca de um outro, o dono incerto de uns papéis achados numa mala. Uma vez encontrado, SRO, é este o seu nome, pede a Paulino que traga até si aquele que o mandara em expedição.
As primeiras páginas deste livro são, portanto, o relato do modo como o narrador, a mando das próprias personagens, partiu em busca da história que aí se começa a contar. Se adiantarmos que os papéis misteriosos são ainda os de «um inglês», quer dizer, os mesmos que há quatro anos intitularam o último romance de Ruy Duarte de Carvalho - Os Papéis do Inglês - , não será desapropriado apresentar este livro como o itinerário do encontro de um narrador com os restos de um livro antigo, ou dizendo ainda o mesmo, o de um autor com o seu próprio projecto romanesco.
A que tem acesso Ulisses, quando ouve sozinho o que as sereias cantam? É preciso que remem, aquém da experiência, de orelhas tapadas, os outros, para que Ulisses, amarrado, oiça. É prova imposta a quem? Ao próprio, que se obriga a ouvir, aos outros, privados disso, ou afinal a todos? Condição de acesso? De acesso a quê, para quem ouve e para quem não ouve? Na praia da Samba terão chegado à fala, SRO e o rei?
A que tem acesso Ulisses, quando ouve sozinho o que as sereias cantam? É preciso que remem, aquém da experiência, de orelhas tapadas, os outros, para que Ulisses, amarrado, oiça. É prova imposta a quem? Ao próprio, que se obriga a ouvir, aos outros, privados disso, ou afinal a todos? Condição de acesso? De acesso a quê, para quem ouve e para quem não ouve? Na praia da Samba terão chegado à fala, SRO e o rei?