Árvore Folhas de Poesia
de Luís Adriano Carlos
Sobre o livro
Passam agora, nesta Primavera de 2003, cinquenta anos sobre a extinção da revista Árvore, plantada no Outono de 1951 para crescer em quatro fascículos e frutificar durante sete estações.
Na Primavera de 1953, quando o quarto número destas «folhas de poesia» já se encontrava à luz do dia em plena fotossíntese, o regime salazarista decidiu decretar a sua morte violenta. Mas uma árvore, como relembrou Job ao dissertar sobre a brevidade da vida humana, mesmo quando cortada, acaba sempre por reverdecer e deitar novos rebentos. Esta Árvore que a PIDE abateu não deixaria de se metamorfosear em novas incarnações que prosseguiram o seu espírito e que também foram atacadas pelas garras da Censura, Cassiopeia e Cadernos do Meio-Dia. É toda uma década de labor interventivo em nome de uma ideia de renovação poética que daria frutos esplendorosos nas jovens gerações da segunda metade do século, com imediata incidência na Poesia 61 e na Poesia Experimental. Ainda hoje, alguns poetas da Árvore, de António Ramos Rosa a Albano Martins, continuam a publicar os seus versos com uma assombrosa energia criadora que reafirma poderosamente o carácter necessário e universal de uma poética germinativa cujos fundamentos gerais podemos recensear nas folhas da revista. Também por este motivo se justifica a presente edição fac-similada, que sem dúvida enriquecerá a memória literária e as possibilidades criadoras das novas gerações do século XXI.