Aquele Não É Mais Ninguém
de Fernando Olim
Grátis
Sobre o livro
É um romance que gira em torno de uma figura central: Carlos e o seu peculiar percurso de vida, que acaba por ter um rumo incomum. Carlos desde cedo revela-se muito inteligente, perspicaz e com uma inclinação contemplativa acentuada. É muito curioso, ávido de conhecimentos e de uma natureza inquisitiva quase insaciável, que o leva a colocar questões complexas cuja resposta os interlocutores nem sempre possuem. Outras vezes é ele a surpreender pela sua agudeza de espírito, a sua capacidade de trespassar as aparências, a sua elevação e penetração intelectuais que desconcertam e põem em causa lugares-comuns e ideias feitas. Contudo, as suas críticas são sempre acompanhadas de argumentos sólidos. Estas facetas do seu carácter conduzem-no àquilo que no livro é designado de escola paralela, ou seja, todos os conhecimentos adquiridos fora dos meios oficiais escolares. Esta dedicação ao estudo fora e além do âmbito escolar permite-lhe possuir uma soma de conhecimentos impressionante. A escola paralela vai-o acompanhar sempre, mesmo na sua vida profissional, de professor. O corolário disto é o inconformismo e a revolta de Carlos perante uma sociedade e uma civilização que considera mundanas, medíocres, desequilibradas e que não vão satisfazer a sua sede de sagrado e de Absoluto. E este aspecto é primordial no livro: toda a sua busca, todo o seu estudo paralelo, acabam por deparar-se com uma barreira, que desesperadamente quer transpor: o conhecimento do Absoluto. Portanto, os seus voos intelectuais ascendem cada vez a patamares mais elevados: são os mistérios da existência, a natureza do homem, do universo e de Deus que concentram toda a sua atenção e esforços. Depressa toma consciência que está no domínio do inexprimível, do indizível, e numa tentativa quase labiríntica tenta pelas palavras limitadas ao seu dispor traduzir o ilimitado, o não-dito. Esta procura espiritual e a busca do Absoluto que não encontra num catolicismo balofo nem numa civilização por natureza profana e decaída vão conduzi-lo à Índia, não uma Índia qualquer, não a turística nem a ocidentalizada, mas sim à Índia primordial, das origens, e mítica. A sua viagem física e sobretudo espiritual culminam portanto nesse Oriente não-espacial e perene, representado pelos homens santos, os sadhus.