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Sobre o livro
Ademar nasce entre o regicídio e a implantação da República, perde o pai na 1.ª Guerra Mundial e vai para a Casa Pia em Lisboa, onde completa o curso de sargentos simultaneamente com a subida do Marechal Gomes da Costa ao poder e a instauração da ditadura militar. Sem emprego ou perspetivas numa sociedade pobre, 70% analfabeta e com a dívida nacional a aumentar diariamente, junta-se a protestos, torna-se reviralhista, é preso e degredado para Cabo Verde aos 17 anos e, mais tarde, Macau e Moçambique.
Viajando entre as várias colónias do império, é Moçambique que ama e onde tem diversas ocupações - incluindo caçador profissional - enquanto constrói uma considerável prole e uma rede de camionagem, transporte de passageiros e cantinas de sul a norte, em constante luta contra os elementos, doenças, animais perigosos, perseguição pelas várias polícias de Estado, chefes tribais de interesses opostos e a guerra colonial.
«Os seus 18 anos incitavam os seus subordinados - especialmente os vindos de Lisboa e Porto - a minar a sua autoridade, com situações de aberta desobediência. Rapidamente intuiu que os moçambicanos formavam o segmento de subordinados que melhor compreendia a vulnerabilidade da sua situação e mais o apoiava, porque eles próprios se sentiam fora do seu elemento e vulneráveis. O instinto de sobrevivência fê-lo desenvolver uma relação próxima com aqueles homens atléticos e pujantes, respeitosos mas ciosos das suas tradições e hábitos, como comer com os dedos em vez de usar talheres.»