A Revolução de Uma Palha
Uma introdução à agricultura selvagem
de Masanobu Fukuoka
Grátis
Sobre o livro
"O agricultor tornou-se atarefado demais quando começámos a estudar o mundo e a decidir que seria bom fazer isto ou fazer aquilo. Toda a minha pesquisa se baseou em não fazer isto ou não fazer aquilo. Estes trinta anos ensinaram-me que os agricultores estariam numa situação bem melhor se não fizessem praticamente nada."
Ao longo das últimas décadas, Masanobu Fukuoka assistiu à degradação da terra e da sociedade japonesas, enquanto o seu país seguia o modelo de desenvolvimento económico e industrial americano, deixando para trás uma rica herança de trabalho simples e próximo da terra. Mas Fukuoka estava decidido a não abandonar a agricultura tradicional. Pelo contrário, refinou-a de tal modo que o seu método de agricultura selvagem, mantendo o mesmo rendimento por hectare que o dos camponeses seus vizinhos, exige menos trabalho e desgasta menos a Natureza do que qualquer outro método agrícola.
Nesta obra, além de descrever a agricultura selvagem em si, Fukuoka relata os acontecimentos que o levaram a desenvolver o seu método e o impacto deste na terra, em si próprio e nas pessoas a quem o ensinou, explicando a razão que o leva a acreditar que ele oferece um modelo de sociedade prático e estável baseado na simplicidade e na permanência.
Partindo do princípio de que curar a terra e purificar o espírito humano são a mesma coisa, A Revolução de Uma Palha tem por objectivo mudar as nossas atitudes para com a Natureza, a agricultura, a alimentação e a saúde física e espiritual.
Gabriela Araújo, Suplemento Cartaz, Expresso, 7 Abril 2001
"Explicação, defesa e louvor de uma agricultura ecologicamente justa, sustentável e alternativa ao modelo industrial global. A tese - a agricultura selvagem proporciona o mesmo rendimento, exige menos trabalho e desgasta menos a natureza - é sustentada por 30 anos de prática que, diz este japonês: (lhe) ensinaram que os agricultores estariam numa situação bem melhor se não fizessem praticamente nada."
Mil Folhas, Público, 3/2/2001
"Este é um livro sobre os benefícios da agricultura no seu estado mais genuíno. O que Fukuoka propõe é o usar-se a inteligência e aplicá-la a uma produção agrícola bem pensada. Não sendo possível usar essas técnicas em qualquer tipo de exploração agrícola, recomenda-se a leitura do livro a todos quantos estão preocupados com o crescente aumento da industrialização e da prática cada vez mais química da agricultura."
Ana Almeida, Mondo Bizarre nº 6, Fevereiro de 2001
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O caminho habitual para desenvolver um método é perguntar: E se experimentássemos isto? ou E se experimentássemos aquilo?, introduzindo uma série de técnicas umas atrás das outras. Isto é a agricultura moderna e o seu único resultado é tornar o agricultor mais ocupado.
Segui o caminho oposto. Ambicionava um modo de cultivo que desse prazer, fosse natural, e que acabasse por tornar o trabalho mais leve e não mais duro. E se não fizéssemos isto? E se não fizéssemos aquilo? - tal era a minha maneira de pensar. Finalmente, cheguei à conclusão que não era necessário lavrar, espalhar adubo, fazer composto, usar insecticida. Quando se chega a este ponto, poucas práticas agrícolas são verdadeiramente necessárias.
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Quando somos confrontados com tais problemas, a única solução sensata é acabar antes de mais com as práticas contra-natura que levaram a essa situação. O agricultor é também responsável pela reparação dos danos que causou. Deve interromper-se o cultivo do solo. Se forem postas em prática medidas suaves como espalhar palha e semear trevo, em vez de se utilizar máquinas e produtos químicos fabricados pelo homem para levar a cabo uma guerra de aniquilamento, então o ambiente regressará ao seu equilíbrio natural e mesmo as incómodas ervas daninhas poderão ser controladas.
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Enganei-me muitas vezes ao experimentar no decurso dos anos, tive a experiência de erros de todos os tipos. Sou capaz de saber mais sobre o que pode correr mal durante o desenvolvimento das colheitas agrícolas do que qualquer outra pessoa no Japão. Quando consegui pela primeira vez fazer crescer arroz e cereais de Inverno pelo método do não-cultivo, senti-me tão feliz como Cristóvão Colombo se deve ter sentido quando descobriu a América.
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Considerei o trevo-branco útil para manter em respeito as ervas daninhas. Ele cresce muito concentrado e pode mesmo abafar ervas daninhas tão resistentes como a artemísia e a grama. Se semearmos o trevo misturado com as sementes de legumes, ele agirá como uma cobertura viva, enriquecendo o solo e mantendo a terra húmida e bem arejada.
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Levantei-me e propus que se estabelecesse ali, naquele momento, e em conjunto, um plano concreto para resolver o problema da poluição. Não seria melhor falar sem rodeios de deixar de utilizar os produtos químicos causadores da poluição? O arroz, por exemplo, pode muito bem crescer sem recurso a produtos químicos, assim como os citrinos, e também não é difícil cultivar legumes da mesma maneira. Disse que era possível fazê-lo, e que eu próprio o fizera na minha quinta durante anos a fio, mas que, enquanto o governo persistisse em endossar a utilização de produtos químicos, ninguém quereria experimentar a agricultura limpa.
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Se julgarmos que os legumes que se encontram à venda são naturais, enganamo-nos redondamente. Estes legumes são uma confecção química aquosa de azoto, fósforo e potássio com uma pequena ajuda por parte da semente. E é esse o gosto que têm. E os ovos de galinha comerciais (podemos chamar-lhes ovos se quisermos) não passam de uma mistura de alimentos artificiais, produtos químicos e hormonas. Não se trata de um produto da Natureza, mas sim de uma síntese com forma de ovo feita pelo homem. Ao agricultor que produz legumes e ovos desta maneira eu chamo industrial.
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O objectivo da alimentação natural não é criar sábios capazes de dar explicações irrefutáveis e escolher sagazmente entre os vários alimentos, mas sim criar pessoas ignorantes que tomam alimentos sem fazer distinções conscientemente. Isto não vai contra o caminho da Natureza. Quando realizamos o não-intelecto sem nos perdermos nas subtilezas da forma, aceitando a cor da não-cor como cor, começa a alimentação justa.
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Que necessidade existe de desenvolver? Se o crescimento económico subir de 5 para 10 a felicidade duplica? Que mal há numa taxa de crescimento de 0, não é um tipo de economia assaz estável? Poderá haver algo melhor do que viver simplesmente sem preocupações?
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Originalmente, os seres humanos não tinham nenhum objectivo. Agora, inventando um ou outro objectivo, lutam desesperadamente para tentar encontrar o sentido da vida. É uma luta sem adversário e sem repouso. Não há nenhum objectivo no qual o Homem deva pensar, ou em busca do qual deva partir. Bem faríamos em perguntar às crianças se uma vida sem objectivo é ou não desprovida de sentido."
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