A Planície em Chamas
de Juan Rulfo
Sobre o livro
Juan Rulfo, tem uma obra breve ("Pedro Páramo" e este livro de contos), mas que lhe vale o lugar que ocupa no Olimpo da escrita literária. E há quem afirme que a sua importância para a literatura contemporânea em língua castelhana é a mesma que Faulkner teve para a literatura contemporânea em língua inglesa, vindo, curiosamente, os dois do continente americano.
Os contos de "A Planície em Chamas" são assim sintetizados por António Rodrigues, no Diário de Notícias (10.12.03): "Histórias de malparidos; de condenados; de foragidos; de seres humanos a quem nem o Sol dá uma ajuda. De gente que morre porque é mais fácil morrer; de vida que apenas é corrida desenfreada para o ataúde.
"A paisagem aqui é marcada apenas pela terra dura e ingrata, sempre a exigir mais do que a dar. E pela água. Por inundações ou pela seca. Morrem vacas na enxurrada, mingua a ração e tornam-se fantasmas as aldeias pela falta de água e nós agarrados a essa narrativa escorreita, pele e osso, a ver morrer gente e a ouvir contar histórias de tristeza."
"Em linguagem que encontra na oralidade o seu efeito dramático, Rulfo põe em cena gentes pobres e acossadas, cuja bravura está no cumprimento do destino ao qual dignamente se submetem. O México duro e sensual, trágico e festivo, radical e triste, transfigura-se através da ficção, tornando-se superlativamente verdadeiro."
Ana Cristina Leonardo, Expresso, Actual, 3/1/04