Fome
de Elise Blackwell
Grátis
Sobre o livro
Uma obra assombrosa e terrível sobre os cientistas soviéticos responsáveis pela preservação das sementes raras à guarda do Instituto Botânico de Leninegrado, aquando do cerco das tropas de Hitler no "Inverno da Fome"de 1942. Alena e outros cientistas juram protecção às sementes, mesmo na iminência da grande fome. Mas o marido de Alena, o nosso cuidadoso narrador, não está tão seguro assim... Uma história heróica contada por alguém que não soube sê-lo. Ou melhor, por alguém a quem a guerra permitiu ver a natureza implacável da existência humana, e que decidiu agir em consonância. E quem, no fundo, consegue responder com segurança à pergunta: o amor e a honra têm mais força do que a fome?
José Mário Silva, Expresso
“Um romance original e cativante, uma exploração do amor e da traição e uma evocação sensual do prazer de comer.”
(J.M. Coetzee)
"Fome" vale pela história que tem para contar e pelo registo confessional que caracteriza a narrativa. Esta novela publicada em 2003 oferece-nos o relato de um homem em estado de exame de consciência. Os factos relatados remetem-nos para os tempos da II Grande Guerra, misturam história com ficção, transportam-nos da Nova Iorque actual, onde o narrador se encontra, à São Petersburgo (ou Leninegrado) da década de 1940. O tom é de autocrítica e desesperada redenção. Percebemos que entre este homem e a sua falecida mulher há uma relação de profunda admiração cuja vida não soube brindar com a pureza de um amor eventual e provavelmente feérico. A realidade é dura e, assim como as plantas que precisavam de ser protegidas dos homens, também os homens precisam ser protegidos de si próprios. "Fome" alerta-nos para este "pormaio"r tantas vezes desatendido: o homem é presa de si próprio, prefere o rumor das ilusões ao desconforto da verdade, quando a fome aperta alimenta-se do que tem à mão e, assim como é capaz de morrer à fome por um ideal ou por convicção, também é capaz de sucumbir à fome por direito à vida.