As Minhas Aventuras no País dos Sovietes

A União Soviética tal como eu a vivi

de José Milhazes 

Bertrand.pt - As Minhas Aventuras no País dos Sovietes
Opinião dos leitores
(2)
Editor: Oficina do Livro
Edição: fevereiro de 2017
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«Naquela altura, mais precisamente no dia 9 de setembro de 1977, os comboios da linha Póvoa de Varzim-Porto (Trindade) ainda eram movidos a carvão e foi num deles que se iniciou, nessa data, a minha longa viagem ao País dos Sovietes.
[…] A mala era leve porque, além de não haver dinheiro para mais, eu estava convencido de que não se ia para o Paraíso Terrestre com a casa às costas, porque nesse lugar não costuma faltar nada, à excepção do pecado.
Sim, eu ia viver na sociedade quase perfeita, na transição do socialismo desenvolvido para o comunismo.»
JOSÉ MILHAZES

  • Expectativas parcialmente cumpridas
    Soren Terp | 13-06-2022

    Gosto de “Zé” Milhazes pela sua origem humilde, pelo dialeto povoense, pelos óculos redondos e a sua barba de Pai Natal, e pelo apoio inabalável à Ucrânia contra a agressão russa. Além disso, como é um relato em primeira pessoa das suas experiências no estranho país da União Soviética, eu tinha grandes esperanças para este livro. Elas foram apenas parcialmente cumpridas. Porquê é que o livro não cumpre o seu potencial? Uma razão, acredito, pode ser que Milhazes, com este livro, simplesmente não tenha grandes ambições literárias. Ou se as tem, não as consegue cumprir. O livro poderia ter sido um conto épico da jornada de um homem, desde a sua infância no norte de Portugal, até ao coração da União Soviética e além, cheio de curiosidade e paixão, jogado nas grandes ondas da história, como um barco num mar tempestuoso. Em vez disso, é um relato fragmentado e inconstante, sem uma história clara e abrangente. Não possui as passagens descritivas e cativantes, que transporta o leitor para os lugares e eventos sobre os quais lê. Não tem a economia e a pungência da linguagem, que autores ambiciosos se esforçam tanto para alcançar. Como dito, possivelmente Milhazes não tinha tais pretensões, mas apenas queria um livro rapidamente escrito e rapidamente lido, como um artigo de jornal. Nesse caso, conseguiu. Embora o livro seja essencialmente uma autobiografia, contada por ordem cronológica, às vezes faz saltos surpreendentes no tempo. Tais podem ser meios narrativos poderosos, mas aqui parecem desnecessários e distrativos. Como quando o autor, ao mencionar um amigo da sua juventude, decide reimprimir na íntegra o obituário do amigo, que escreveu muitos anos depois. Foi simplesmente porque era uma maneira rápida de preencher mais uma página? O autor descreve a sua infância e a sua juventude em detalhes consideráveis, e essa janela para o passado não é desinteressante. Mas aqui também o estilo é irregular. Por exemplo, ele menciona nas primeiras páginas, que o seu irmão mais velho morreu no mar, a trabalhar numa traineira que se afundou. Esta deve ter sido uma experiência traumática para o jovem José e sua família, esperando contra a esperança de que de alguma forma o seu irmão e filho tivessem sobrevivido, até que finalmente a verdade brutal não pudesse mais ser negada. Mas, não, não há mais nada no livro sobre isso, apenas a menção passageira no início, fora da cronologia. Isso, para uma autobiografia estranha, ausência de detalhes sobre eventos que mudam a vida do autor atinge o seu ápice absurdo no capítulo em que Milhazes promete nos contar “…como uma jovem estoniana entrou na minha vida”. Ele conta como ele e seus amigos costumavam festejar. Depois declara, sem detalhes, que "Foi numa dessas festas que conheci a Siiri". A frase seguinte é: "Quando a gravidez estava a chegar ao fim, ela…”. Espere um minuto! O que aconteceu entre você e sua futura esposa quando se conheceram? Foi amor à primeira vista? Onde está a paixão? E qual gravidez? É como se, por engano, entre estas duas frases, um capítulo inteiro tivesse sido deixado de fora da impressão. Mas como o livro afirma estar na sua oitava edição, é improvável que tal erro não tenha sido corrigido. Milhazes viveu em Moscovo durante anos de grandes mudanças, especialmente aquelas trazidas pelo Mikhail Gorbatchov. Às vezes, como tradutor e como jornalista, esteve próximo dos acontecimentos históricos. Mas os eventos são relatados quase sem reflexão ou análise. O autor deixa claro que gostou de Gorbatchov pela sua honestidade e pelas suas tentativas de reestruturar a União Soviética. Mas o que Gorbatchov estava realmente a tentar fazer, e porquê essas tentativas falharam? Houve alguma chance real de conciliar o socialismo com um tipo de economia de mercado, como ele parece ter tido em mente? Ou as contradições internas em tal sistema não eram grandes demais para que fosse uma possibilidade real? Diante da força e dinamismo das economias capitalistas, o colapso da sociedade socialista, rígida e adversa à iniciativa individual, nem sempre foi inevitável? Milhazes não compartilha connosco os seus pensamentos sobre isso, talvez porque não os tem. A análise, económica ou política, não parece o ponto forte dele. Ele é um moralista, não um pensador. O seu próprio desenvolvimento de um comunista convicto na sua juventude, até o ponto em que, muitos anos depois, ele decide deixar o partido, também poderia ter sido um objeto para mais reflexão. Porque é que ele se tornou comunista, e como foi que as suas dúvidas começaram? Quais foram os eventos que finalmente o forçaram a mudar as suas convicções? Talvez tenha sido a deceção com a vida na União Soviética, talvez com o dogmatismo fossilizado do PCP, mas quais eram realmente os seus pensamentos e motivos? O capítulo final do livro, o triste caso de uma criança russa tirada dos seus pais adotivos portugueses e enviada de volta para a sua mãe alcoólica na Rússia, não se encaixa bem na narrativa do livro. Parece mais um caso em que Milhazes cai na tentação de encher algumas páginas com material à mão, adequado ou não. Também acho menos feliz que o autor às vezes use o livro para relembrar velhas queixas, como por exemplo a sua disputa contratual com uma estação de televisão portuguesa. Parece pouco generoso e não assim relevante para o livro. Para concluir: Este livro é praticamente uma autobiografia, o que significa que o autor passa a sua vida e o seu legado aos leitores e às gerações futuras. Assim, é surpreendente que ele não tenha tido mais cuidado com a composição e com a linguagem, para criar uma narrativa integrada, com mais força. De qualquer forma, como testemunho duma comunidade de pescadores, no final da ditadura, e dos anos finais do poderoso império soviético, vale a pena ler.

  • Top. Grande livro
    Luis | 22-05-2022

    O livro que todos deviam de ler, principalmente os comunistas.

As Minhas Aventuras no País dos Sovietes
A União Soviética tal como eu a vivi
ISBN:
9789897416590
Ano de edição:
02-2017
Editor:
Oficina do Livro
Idioma:
Português
Dimensões:
157 x 235 x 22 mm
Encadernação:
Capa mole
Páginas:
352
Tipo de Produto:
Livro

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