Comecei a escrever este livro conducente às bases teóricas de uma tese de doutoramento sob o tema Perturbações da Personalidade Narcísica e Sexualidade. Pensar sobre o aliciante que seria o conteúdo do tema escolhido foi fácil.

Mas quando se tratou de o partilhar com outros — tentando alcançar o porquê da escolha da leitura deste livro por um leitor desconhecido —, perguntei-me se estaria disposta, estando no lugar desses outros, a tornar-me disponível para o conter.

— que tem ele que ver com a minha curiosidade sobre a criatividade humana no seu processo de desenvolvimento e adoecer da psicossexualidade?
— que tem ele que ver comigo e com o meu próprio processo?
— Gratificar-me-á pela maturidade que penso ter-me permitido alcançar?
— Torturar-me-á porque me vai fazer sentir aquém do que já deveria ter alcançado?
— Far-me-á sentir algures entre estes dois extremos?

Alguém disse: «Eu amo-te, não por aquilo que tu és, mas pelo que me fazes sentir quando estou contigo».

Quando me decidi aceitar publicar este livro descobri, afinal, que posso gostar o suficiente dos outros por aquilo que o livro os possa fazer sentir quando estiverem com ele. Leitor: «Gosto do livro, não por aquilo que ele é, mas pelo que me faz sentir quando estou com ele».

Autora: «Gosto do leitor, não por aquilo que ele é, mas pelo que me faz sentir quando me leva consigo».