Viver Sem Trabalhar... Continua!
de Luís Campos
Sobre o livro
Ser Português, é entender-se mais latino que os espanhóis, mais brasileiro que os brasileiros (já que eles nos chamam Mãe) e africano de primeira (já que para os indígenas foi mais do que um pais); é sentir-se bem quando se instala lá fora e incapaz de se instalar cá dentro: é, no amor, não se limitar a ser macho, precisando de ser marialva; é julgar-se atrevido mas ser, afinal de contas, ingénuo; é viver em permanente lua-de-mel com uma amante saudade; é ser terrivelmente complexado mas achar-se convictamente melhor que o estrangeiro; é esgotar a Bola, a Telenovela, o Marco Paulo, a Crónica e o Incrível, depositar na D. Branca e acreditar que o país real não é esse: é gastar mais do que tem ganhando menos do que pode, ou trabalhar mais do que pode e não gozar o que tem; é chorar-se com dó de si mesmo a rir-se das próprias fraquezas; é acreditar no D. Sebastião - não que ele há-de chegar mas que já anda algures por aí; é lamentar que não haja meio termo em ditadura e democracia.
O Autor fez VIVER SEM TRABALHAR CONTINUA com ma mesma intenção com que escreveu o anterior (Viver Sem Trabalhar num País à Beira-Mar); pôr o pessoal a rir, saudável e organizadamente, da enorme desorganização que nós somos. E, habitando os Portugueses (mais de metade pelo menos...) este país que se não existisse teria de ser inventado, sendo nós o povo do mundo que possui no seu grua mais elevado essa virtude sublime de ser capaz de se rir de si próprio, VIVER SEM TRABALHAR acaba por não ser mais do que um manual de ser Português.
Vamos, pois, tirar-nos de cuidados (para quê afligirmo-nos?...) e mostrar ao estrangeiro que, se as tristezas não pagam dívidas, também não é pelo trabalho que tencionamos pagá-las!