Uma Especialista em Nutrição no Supermercado
de Patrícia Almeida Nunes
Grátis
Sobre o livro
Gosta de comprar cereais ricos em fibra, mas já reparou na quantidade de gordura e/ou açúcar que o rótulo da embalagem indica? Aquilo que pensava ser a opção mais saudável pode afinal ser a mais calórica e logo pouco equilibrada. Gosta de comprar iogurtes magros/light para manter a linha, mas já reparou na quantidade de açúcar que têm? Existem no mercado iogurtes magros que podem ter 4 pacotes de açúcar por embalagem. Escolha antes os que apresentam a designação «Magro com baixo teor de açúcar» ou «0% de açúcar adicionado». Compra tostas que na embalagem anunciam «sem colesterol», mas na realidade as tostas não têm colesterol, logo essa não é uma mais-valia…
Compra leite rico em cálcio? Mas o leite por si já é rico em cálcio. Não se prenda a alegações. Ou acha que as bolachas digestivas facilitam a sua digestão. Já reparou no valor calórico e de gordura indicado no rótulo? Quatro bolachas Maria têm em média 110 calorias, já as digestivas podem fornecer 270. Sabia que os legumes já embalados e lavados são mais caros?
Verifique se a carne picada embalada não tem aditivos. De preferência peça para picar no momento e misture carne de aves para diminuir o teor de gordura (aumentar o aporte nutricional). Sabia que muitas vezes os chamados packs económicos têm menos quantidade que a concorrência ou têm um prazo de validade menor? Para muitos de nós, o supermercado é um mundo misterioso onde nos sentimos perdidos. Queremos alimentar-nos de forma mais saudável, racional e económica, mas perante as prateleiras cheias de ofertas atrativas, e faltando-nos informação simples e apropriada, não sabemos qual é a escolha mais acertada.
Os fabricantes têm artimanhas para vender os seus produtos e anunciam inúmeras vantagens «em letras garrafais» nos rótulos das embalagens, mas, tal como as seguradoras e os bancos, não enganam ninguém, apenas dizem a verdade em letras muito pequeninas, explica a nutricionista Patrícia Almeida Nunes.
Esta especialista, que coordena o Serviço de Dietética e Nutrição do Hospital de Santa Maria, andou durante mais de um ano a percorrer hipermercados, supermercados e mercearias, a mergulhar nas prateleiras e arcas congeladoras, a pesquisar rótulos, tabelas nutricionais, e listas de ingredientes, tudo para tentar perceber exactamente o que compram e o que comem os portugueses.
«O projecto nasceu e cresceu pela solicitação da minha actividade clínica, em que as pessoas me perguntavam o que fazer quando compravam produtos no supermercado e decidi então transformar essa compilação diária num guia», disse à Lusa.
A dietista classifica o seu livro como um guia de compras, com uma parte teórica que ensina detalhes como o que são as proteínas, o que são os alimentos biológicos, quais as vantagens de alimentos frescos e congelados.
O guia tem depois uma parte prática, que fornece as «ferramentas para avançar pelos corredores do supermercado»: em cada secção há dicas práticas e conselhos, por exemplo, o que procurar se queremos alimentos com fibra ou com baixo teor de colesterol.
Patrícia Almeida Nunes dá como exemplo a fibra alimentar que, quando procurada pelo consumidor, leva-o normalmente a comprar o famoso pão integral ou as bolachas que se apresentam como ricas em fibra.
A verdade é que muitas das bolachas com fibra são ricas em açúcar e gordura e acabam por engordar mais. Existe arroz em algumas variedades, para além do integral, com muita fibra e o pão integral é largamente ultrapassado pelo pão alemão ou até pelo multicereais.
A especialista em nutrição confessa que até ela foi surpreendida por uma série de verdades escondidas que a levaram a alterar inclusivamente o que comprava para sua casa.
«O que me deixou mesmo muito surpreendida foi descobrir que existem salsichas à venda como sendo de peru e que têm carne de porco na sua composição, assim como constatar que as batatas fritas no forno não são batatas, mas sim um preparado de batata», contou.
Os fabricantes não enganam ninguém, esclarece, a informação está lá em letras pequeninas, é preciso é estar atento ao que lá vem, perceber a lista de ingredientes, sobretudo quem tem doenças que limitam a ingestão de determinados alimentos.
«Temos que saber interpretar a informação: um alimento pode ter 0% de açúcar, mas se tiver mel ou frutos secos engorda mais. Nas prateleiras dos iogurtes há sobremesas lácteas, com embalagem idêntica ao iogurte mas com muito mais calorias, açúcar e aditivos, e há iogurtes magros [sem gordura] com o equivalente a quatro pacotes de açúcar», exemplifica.
Patrícia Almeida Nunes afirma que este guia tem particular interesse para quem tem excesso de peso ou para crianças, mas constitui também um auxiliar de consulta para profissionais da área da nutrição ou laboratórios de referência.
«Dispõe de informações que não existem em mais lado nenhum, como uma lista actualizada de quase todos os produtos e marcas existentes no mercado, com informação equilibrada do ponto de vista económico e das boas escolhas alimentares», explica.
Este guia, intitulado «Uma especialista em nutrição no supermercado» é apresentado quarta-feira em Lisboa pela médica endocrinologista Isabel do Carmo.
in tvi24 / CP | 7- 2- 2012