Shuggie Bain
de Douglas Stuart
Grátis
Sobre o livro
1981, Glasgow. A outrora próspera cidade mineira sufoca sob o jugo férreo das políticas de Margaret Thatcher, lançando milhares de famílias para a miséria. A epidemia do álcool e das drogas aproveita para capturar os mais vulneráveis.
Agnes Bain esperava mais da vida. Sonha com uma casa só sua e folheia catálogos de compras a crédito, na vã tentativa de alegrar a existência precária a que fica condenada quando o marido, um taxista mulherengo, a abandona, sem emprego e com três filhos. Com cabelos negros sedosos e ondulados, maquilhagem esmerada e dentes falsos perfeitos, parece a Elizabeth Taylor de Glasgow, mas, por baixo da aparência orgulhosa, as malhas do vício enredam Agnes, que mês após mês gasta o abono de família em latas de cerveja e maços de tabaco. Os filhos fazem o melhor que podem para cuidar de si e da mãe, mas, um a um, vêem-se obrigados a abandonar a casa materna, para tentar pelo menos salvar-se.
Fica Shuggie, o mais novo, que adora a mãe e não perde a esperança de a salvar. Mas, aos oito anos, o rapaz tem a sua própria luta pessoal para travar: delicado, sensível, comporta-se como um príncipe e destoa da dureza da escola e das ruas devassadas pela pobreza. Anseia apenas ser normal e encaixar, mas é o último a perceber que carrega um segredo e nunca poderá ser igual aos outros.
Com ecos de autores como Frank McCourt, D. H. Lawrence e James Joyce, Shuggie Bain é um magnífico romance de estreia de um autor que tem uma história importante para contar, inspirada na sua própria. Uma história dilacerante de dependência, carência e afecto, um retrato épico de uma cidade, um quadro íntimo de uma família destroçada e, sobretudo, uma extraordinária história de amor.
Karl Ove Knausgard
Júris do Booker Prize
«Um clássico belo e brutal.»
Martin Chilton, Independent
«Um romance dilacerante, tão belo quanto brutal… Todo o sofrimento, miséria e tristeza da história resultam num livro duro, doce, triste e belo.»
The Times
«Douglas Stuart escreveu um primeiro romance de uma beleza rara e duradoura.»
The Guardian
Comentários
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É impossível ficar indiferente a Shuggie Bain!
Não há review que escreva que faça jus a este livro. Para ganhar o Booker, imagino que faça um retrato bastante fiel da Glasgow de 1980s, mas não foi isso que me impressionou. O que vou levar desta história é o amor incondicional de um filho por uma mãe. Desde cedo que Shuggie teve de aprender a cuidar de si próprio enquanto a sua mãe descia numa espiral degradante de dependência ao álcool. À medida que a sua irmã saiu de casa e o seu irmão lhe seguiu os passos, Shuggie foi o único que acreditou até ao fim, poder fazer algo por ela. Existem momentos no livro que sentimos desespero, ao constatar que a mãe troca as senhas de comida dos filhos por álcool; e sentimos fisicamente, os efeitos de uma bebedeira ou de uma ressaca, tão bem descritos são por Douglas Stuart. No meio de todo este degredo, surge um menino sensível e que só deseja adaptar-se, sem perceber que é muito melhor do que o mundo que o rodeia. É um livro de ficção, mas ao conhecer a história de vida do autor percebemos que há muito dele no Shuggie. Emocionou-me muito este livro. Sem dúvida que recomendo. ´´Agora, quando Shuggie a via beber, percebia que a mãe perdera o gosto pela diversão. Bebia para se esquecer de si mesma, porque não conhecia outra maneira de afastar a dor e a solidão.´´
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Brilhante
Um livro magistralmente escrito, capaz de despertar emoções fortes, capaz de nos fazer questionar os lugares comuns e as opiniões feitas. É uma obra que nos tira da nossa zona de conforto. É impossível não nos deixarmos envolver pela narrativa em todos os seus contornos. Brutal e terno a um mesmo passo, um retrato de Glasgow nos anos de chumbo. Em suma uma obra prima.
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Como é duro crescer na margem
Livro espantoso, duro e terno de um diário de um miúdo que cresce doce e maduro apesar de toda a realidade que o rodeia e que ele vivência sem nunca ser ou pensar ser violento ou marginal.
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Este é um livro que acho que nunca vou esquecer. É um retrato cru e honesto do ponto de vista de uma criança, sobre a pobreza que se vivia nos anos 80 em Glasgow, bem como sobre os vícios do álcool e das drogas, que eram um refúgio temporário para esquecer as condições deploráveis em que as pessoas viviam na época.
Uma obra-prima. Primeiro livro de Douglas Stuart, que relata magistralmente de uma forma lírica, a força do amor filial. Um livro que permanecerá como um marco da literatura contemporânea. Brutal!