Senhores Projectos no Bairro de Gonçalo M. Tavares

de Fernando Manuel Domingues Hipólito 

Bertrand.pt - Senhores Projectos no Bairro de Gonçalo M. Tavares
Editor: Universidade Lusíada Editora
Edição: setembro de 2009
15,15€
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Este ensino da arquitectura

A arquitectura enquanto ofício surge sempre de uma solicitação profissional exterior ao autor. Assim, na sua generalidade, o exercício da profissão parte sempre de determinados pressupostos, herdados tanto das situações físicas como fornecidos pelos próprios clientes. Com isto, ao arquitecto é-lhe pedido que actue. E este processo de acção está sempre envolvido por critérios de avaliação e diag­nóstico estimulados através de um pensamento que se deseja único. As recen­tes descobertas da neurocirurgia recolocam a actividade do pensamento - neste caso, pensamento actuante - como tomadas de decisões perante o imprevisível e que, não sendo apenas seleccionadas pela nossa racionalidade, integram também o poder da afectividade, ou do modo como as nossas emoções nos ajudam a seleccionar e decidir.

Na base deste novo sistema de produção criativa, o cérebro e o seu funcionamento desempenham um papel fundamental, tanto para o autor como para o receptor da obra. É através das actividades mentais, e das estruturas que compõem o cérebro humano, que se processam os sistemas de transformação da sensibilidade em ideias e das ideias em sensibilidade, ou seja, do sensível ao inteligível - e esta transformação do subjectivo em objectivo é um acontecimento natural do projecto de arquitectura, enquanto sistema codificado que regista, antecipa e proporciona a constituição física da ideia em obra.
Neste ponto, a arquitectura enquanto ofício adquire um sentido social de síntese, porque promove a tensão entre o artista prático e o intelectual teórico, concretizando-se como presença e demonstrando-se como resultado de um pensamento que revela, sobretudo, conhecimento e sensibilidade. Para além disso, integra a possibilidade de ocupação ou de ser habitada, mais que não seja, por necessidade de sobrevivência, por herança histórica ou por solicitação profissional.

Defende-se uma aproximação abstracta entre o projecto e o sítio, promovida pela interpretação, entendida como acto operativo de arranque do processo de projectar. Longe de analogias directas e/ou formais com o sítio, a pretensão essencial é que o aluno entenda de que modo deve atribuir personalidade ao espaço, atribuir-lhe carácter ou caracterizá-lo enquanto fenómeno concreto, como validação dos destinos de pesquisa da síntese projectual e da síntese disciplinar.
Esta ambição pedagógico-científica, tem-se socorrido do programa ou tema programático como pretexto de suporte. Todos os exercícios criados desde o ano de 2002 realizaram-se em sítios distintos e com programas distintos.

O bairro

Como coordenador e regente, cumpre-me, para além de outras obrigações menos interessantes, atribuir, logo na origem genética dos enunciados, esta dimensão criativa aos exercícios práticos de projecto: inventar os exercícios, sendo que essa invenção é, também ela, um projecto.
Ao longo destes últimos sete anos, tornou-se óbvia uma incursão programática ao universo da literatura e das outras demais actividades culturais e artísticas do Homem, como pretextos conceptuais que deverão ser utilizados pelos alunos enquanto motores e estímulos para que o espaço adquira o seu carácter.

Entre artistas plásticos e falsos proprietários-clientes, escritores e anões e gigantes, irmãos de relações cortadas, motéis para viajantes sem destino, museus para o mares e sons, residências para estudantes e centros de descompressão cerebral, pátios encantados e tantos outros mais desencantados, tivemos, este ano lectivo de 2008/2009, a sorte de tropeçar no Gonçalo M. Tavares e no seu bairro. Senhores que me foram apresentados pela mão de um outro senhor, o senhor Luís Baptista, que fez as honras da casa e me forneceu esta riquíssima matéria para se inventar mais outros exercícios.
Escolhemos Alfama para que os alunos pudessem tocar nas paredes dos edifícios, sentir o espaço urbano a uma outra escala, experimentar gostar de Lisboa.
Agora, os senhores têm casas verdadeiras.
Existem bairros reais no Pátio Fradique.
Inventaram-se bibliotecas para o beco do Maldonado.
A literatura adquiriu materialidade, tornou-se espaço vivido e habitado pelos senhores e os livros que os formalizam.
E esta possibilidade só se concretizou com a enorme vontade, inquietação, intriga e disponibilidade de todos os envolvidos no âmbito deste projecto da Faculdade de Arquitectura e Artes da Universidade Lusíada de Lisboa, dos seus alunos e da lista das senhoras e senhores que se seguem.
Ana Magalhães, António Poças, Cátia Santana, Helena Botelho, João Marques, João Rodeia, João Trindade, José Maria Assis, Luís Baptista, Marco Buínhas, Miguel Cruz, Paulo Durão, Paulo Melo.

Este ensino da arquitectura e o bairro
Fernando Hipólito

"Senhor Walser"
Sobre um cruzamento responsável
Gonçalo M. Tavares

Uma casa para um livro + percurso público
Biblioteca e centro de aprendizagem do bairro
Arquitectura II 2.º ano

O bairro: habitar em Alfama
Projecto III 5.º ano

Senhores Projectos no Bairro de Gonçalo M. Tavares
de Fernando Manuel Domingues Hipólito 
ISBN:
9789896400477
Ano de edição:
09-2009
Editor:
Universidade Lusíada Editora
Idioma:
Português
Dimensões:
153 x 218 x 9 mm
Encadernação:
Capa mole
Páginas:
116
Tipo de Produto:
Livro
Classificação Temática:
X
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