Revista de Economia Solidária N.º 12
A economia solidária e os comuns imateriais - O caso específico da moeda
Sobre o livro
O tema dos Comuns vem do passado, ressurgiu no passado recente e no presente e tornou-se um dos maiores desafios do futuro.
A Revista de Economia Solidária assumiu a importância e a actualidade desta reflexão e deste debate, pelas suas interacções com as propostas da Economia Solidária, dedicando-lhe, para já, dois números seguidos, o nº 11 anterior, onde procurou introduzir o tema e exemplificá-lo com referência a várias experiências de Comuns, em diversos contextos geográficos e culturais, e o actual, onde retoma esta análise e, em particular, a da questão da moeda, como uma hipótese de um novo Comum.
Pode, de facto, a Moeda ser o resultado de uma co-actividade, ou seja, de um agir comum, que a assuma como um novo Comum, subtraindo-a à apropriação privada, como uma Mercadoria, definida segundo as regras e os interesses em presença no Mercado, ou como um Bem Público, definido e regulado pelo Estado, com ou sem influência do Mercado?
Pode a Moeda ser antes definida, apropriada e gerida de um modo comunitário, como Moeda Comunitária e Social, complementar ou mesmo alternativa às moedas dominantes e dominadas pelos sistemas financeiros privados e públicos?
Num primeiro artigo, de autoria conjunta de Philippe Eynaud (professor do IAE - Institut d’Administration d’Entreprises da Université Panthéon Sorbonne - Paris 1 - France) e Adrien Laurent (doutorando na mesma instituição universitária), que permite um enquadramento geral deste tema, analisam-se, em particular, os pontos de contacto entre os Comuns e a Economia Solidária, a partir da recusa, na análise dos Comuns, de nos limitarmos às dicotomias tradicionais (Mercado versus Estado) e se, ao invés, "se estuda com atenção a capacidade dos colectivos de autores para se auto-organizarem à volta de recursos colectivos", do mesmo modo que os teóricos da Economia Solidária "vêem as organizações da sociedade civil como actores intermediários indispensáveis (fora do Estado e fora do mercado) para favorecer o desenvolvimento de uma economia plural cuja vocação é a democratização da Economia".
Este primeiro artigo foi também publicado no nº 345 da Revue Internationale de l’Économie Sociale, em 2017, mas é aqui republicado, para o dar a conhecer ao público da Economia Solidária e, pela sua importância, será também publicado, na sua versão em português, num próximo número desta Revista.