Poemas

de Pier Paolo Pasolini 

Bertrand.pt - Poemas
Opinião dos leitores
(1)
Editor: Assírio & Alvim
Edição: abril de 2005
28,00€
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Romancista, dramaturgo, poeta e cineasta genial, Pier Paolo Pasolini vê agora grande parte da sua obra poética editada por mão editorial, mais do que autorizada.
Uma excelente tradução de Maria Jorge Vilar de Figueiredo que contempla ainda uma introdução do punho do próprio autor, de resto, bem esclarecedora sobre aquilo que neste grosso volume se pode encontrar.

Excertos
"Foi a minha mãe quem me mostrou que a poesia pode ser materialmente escrita, e não apenas lida na escola ("Vítreo é o ar…"). Misteriosamente, um belo dia, a minha mãe mostrou-me um soneto, escrito por ela, em que confessava o seu amor por mim (soneto que, devido, provavelmente, a certas exigências de rima, terminava com as seguintes palavras: "amor, sabes, tenho tanto e tanto" ). Uns dias depois, escrevi os meus primeiros versos, em que falava de "rouxinol" e de "verdura". Creio que, por essa altura, não saberia distinguir um rouxinol de um tentilhão, ou um choupo de um ulmeiro: e aliás, como é evidente, na escola (por obra e graça da senhora Ada Costella, toscana, minha professora naquele inesquecível segundo ano), Petrarca não era lido. Por conseguinte, não sei onde aprendi o código clássico da eleição e da selecção linguísticas. O facto é que, sem me preocupar com a "abundantia cordis" da minha mãe, comecei por ser rigidamente "selectivo" e "electivo".

Desde então, escrevi colecções inteiras de livros de versos: aos treze anos, foi o poema épico (da "Ilíada" a "Os Lusíadas"). Não me esqueci do drama em verso, nem evitei, com a adolescência, o encontro inevitável com Carducci, Pascoli e D’Annunzio, numa fase que começou em Scandiano — no liceu de Reggio Emilia, para onde tinha de me deslocar todos os dias — e terminou em Bolonha, no Liceu Galvani, em 1937, ano em que um professor substituto — Antonio Rinaldi — leu na aula um poema de Rimbaud."
Pier Paolo Pasolini

"Foi a minha mãe quem me mostrou que a poesia pode ser materialmente escrita, e não apenas lida na escola ("Vítreo é o ar…"). Misteriosamente, um belo dia, a minha mãe mostrou-me um soneto, escrito por ela, em que confessava o seu amor por mim (soneto que, devido, provavelmente, a certas exigências de rima, terminava com as seguintes palavras: "amor, sabes, tenho tanto e tanto" ). Uns dias depois, escrevi os meus primeiros versos, em que falava de "rouxinol" e de "verdura". Creio que, por essa altura, não saberia distinguir um rouxinol de um tentilhão, ou um choupo de um ulmeiro: e aliás, como é evidente, na escola (por obra e graça da senhora Ada Costella, toscana, minha professora naquele inesquecível segundo ano), Petrarca não era lido. Por conseguinte, não sei onde aprendi o código clássico da eleição e da selecção linguísticas. O facto é que, sem me preocupar com a "abundantia cordis" da minha mãe, comecei por ser rigidamente "selectivo" e "electivo".

Desde então, escrevi colecções inteiras de livros de versos: aos treze anos, foi o poema épico (da "Ilíada" a "Os Lusíadas"). Não me esqueci do drama em verso, nem evitei, com a adolescência, o encontro inevitável com Carducci, Pascoli e D’Annunzio, numa fase que começou em Scandiano — no liceu de Reggio Emilia, para onde tinha de me deslocar todos os dias — e terminou em Bolonha, no Liceu Galvani, em 1937, ano em que um professor substituto — Antonio Rinaldi — leu na aula um poema de Rimbaud."
Pier Paolo Pasolini

Nota do autor
"Os poemas reunidos nesta antologia e incluídos nos volumes que abrangem os treze anos que vão de 1951 até 1964, constituem um bloco coerente e compacto. O que me admira — como se me tivesses alheado deles, o que não é verdade — é um sentimento difuso de tristeza e desânimo: uma tristeza que faz parte da própria língua, que constitui um dos seus elementos, traduzível em quantidade e, em certo sentido, em densidade. O sentimento (quase um direito) de ser infeliz é tão preponderante que ofusca a própria alegria sensual (de que, ali- -ás, o livro está cheio, mas, segundo parece, com um sentimento de culpa) e o idealismo civil. O que continua a surpreender-me, ao reler estes versos, é aperceber-me da enorme inocên- -cia da minha expansividade ao escrevê-los, como se estivesse a escrever para pessoas que só poderiam gostar muito de mim. Agora compreendo o motivo de tanta suspeita e de tanto ódio. "(Pier Paolo Pasolini, 1970, excerto do texto «Ao novo leitor»)

  • Palavras de génio
    Henrique Fialho - Livreiro Bertrand La Vie Caldas da Rainha | 18-09-2017

    Mais do que outro poeta do séc. XX, Pasolini esteve à frente do seu tempo na proposta de uma poesia que justapusesse os pólos dicotómicos da nossa civilização: amor/ódio, barbárie/civilização, sagrado/profano. Os termos, que são do poeta, coloco-os assim não por acaso. Na sua poesia encontramos elementos muito concretos que podemos fazer equivaler a cada um daqueles termos. Em tom talvez demasiado simplista diria que o amor à barbárie manifesta-se, na poesia do poeta italiano, como uma espécie de nostalgia de um sagrado que foi profanado por uma civilização tecnológica e estupidamente racional merecedora do nosso ódio mais profundo. Poeta da barbárie, poeta do ódio, significa, neste caso, dizer-se poeta metafísico, mitológico.

Poemas
ISBN:
978-972-37-0789-2
Ano de edição:
04-2005
Editor:
Assírio & Alvim
Idioma:
Português
Dimensões:
146 x 206 x 29 mm
Encadernação:
Capa mole
Páginas:
512
Tipo de Produto:
Livro
Classificação Temática:

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