Poemas e Prosas
de José Manuel Dias
Grátis
Sobre o livro
Sentado à beira-mar, no final de uma tarde de Setembro, procuro resolver o puzzle que sou. Quando uma peça parece ajustar-se, outra vem que a contraria. Quando o encaixe parece um axioma, chego eu e tudo se transforma no mais irresolúvel dos paradoxos. A brisa forte do mar, nos finais das tardes de Setembro, desalinha os cabelos e as peças soltas que nos compõem. Viram-nas e reviram-nas e baralham tudo, sendo necessário, de novo, recomeçar de novo. Uma onda furtiva rouba uma peça e outra ainda navega já nas águas, cada vez mais distante, longe até ser um ponto. E nada encaixa. As curvas, os cantos, os recortes não se dão aos recortes, aos cantos, às curvas. Talvez na maré-baixa, ou logo à noite, ou na morte. Talvez no fim, tudo se encaixe e tenha sentido e surja outro eu, esse que não está aqui sentado, à beira-mar, no final desta tarde de Setembro.