Para-Suicídio
O que dizem as famílias
de José Carlos Santos
Sobre o livro
Os comportamentos suicidários despertam estranheza e perplexidade.
Há uma amargura que percorre quer o protagonista quer as pessoas do meio envolvente. Aqui se incluem a família, os amigos, os colegas de estudo ou trabalho. Frequentemente evita-se falar do assunto. à espera que o Sol, ou seja, a passagem do tempo, cure todas as feridas. Mesmo as da alma. É conhecido o pacto de silêncio transgeracional das famílias sobre os seus suicidas. Ou, em alternativa, de que tudo não foi mais do que um acidente infeliz ou tão só uma renúncia à vida…
Mas que dizer daqueles outros que exibem as suas tristezas pela linguagem de um corpo mutilado?
Que atacam o próprio corpo, que se cortam repetidamente?
Ou que se intoxicam com medicamentos ou mesmo venenos?
Será que querem significar que não toleram mais o sofrimento?
Muito se tem falado desses para-suicidas - à falta de melhor denominação - e dos números epidemiológicos dos Serviços de Urgência. Pelo menos 250 por 100 mil habitantes / ano, em Portugal. Ou 600 por 100 mil habitantes / ano se considerarmos as mulheres dos 15 aos 24 anos. E estes dados são tanto ou mais inquietantes quando se sabe que mostram apenas uma parte da realidade.
Muitos outros para-suicidas não chegam a ser observados por técnicos de saúde. Desvalorizados ou ignorados que são. Esperam na solidão que a mágoa passe depois de uma apressada ingestão de uma caixa de psicofármacos ou mais uns cortes no antebraço até sangrar...
Será que eles estão doentes ou todos nós?