Sobre o livro
O muro das palavras vive dentro do papel. Da voz. Da ideia que levanta o pensamento. Devia saber por onde; e quantas vezes não sei.
A poesia sempre foi em mim a procura permanente do sonho que me evada e me descubra. A minha e a dos outros.
Há muito que dizer poesia me fascina. Se não é, afinal, o que tenho feito toda esta vida de cantor e músico. Acho que sim.
A música das palavras antecede-lhes o significado. Depois reforça-o. E por fim, sobra-nos dele, também.
Apenas há que descobrir o ponto encoberto da emoção. E a cada língua e dialecto me imagino pensando a nova sonoridade, a nova residência do vocábulo, com o fascínio da procura eterna e da multiculturalidade. E da melhor forma de fazer circular e invadir cada pessoa.
Ouvia em criança o Villaret, o Lereno, a Cármen Dolores, como ícones; depois o Ruy Matos, o Varela Silva, o Victor de Sousa. Tive no entanto a maior referencia, que me perdoem todos, no Mário Viegas, de quem fui colega no Teatro e na vida.
Dizer a poesia do próprio e dos outros sempre me transportou. E no caso, a minha poesia. Por isso ousei a novidade deste projecto.
Veiculo de mim que assim, de modo tão inesperado, aqui vos deixo.
As canções não morreram. Depressa voltarão. Talvez até algumas aqui morem.
Mas a eternidade deste espaço secreto, essa só a quero partilhar com os íntimos mais íntimos de mim. Todos os que ainda sentem e sabem ouvir as coisas, do lado de dentro da alma.
Todos os que ainda gostem de afundar-se neste susto apaixonante de viver. Esses estarão comigo e vão perdoar-me a ousadia.
Pedro Barroso
Edição não inclui CD.