O Planeamento e a Gestão dos Recursos Hídricos em Bacias Hidrográficas Partilhadas
Configurações institucionais e territoriais na Bacia do Cunene (Angola)
de Álvaro Pereira e Teresa Fidélis
Sobre o livro
Angola anunciou, em 2004, um "Plano de Acção Estratégico do Sector de Águas"
para um período de quinze anos, na sequência da publicação, em 2002, da "Lei de
Águas". A Bacia Hidrográfica do Cunene emergiu, nesse contexto, como caso piloto
dos arranjos institucionais anunciados. De facto em torno do rio Cunene há, apesar de
discutível, uma longa experiência de gestão e um espólio técnico-científico, que
remonta a 1916 e que teve mais uma expressão com a conclusão, em 2001, do
"Plano para a Utilização Integrada dos Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do
Rio Cunene".
Qualquer iniciativa que vise dotar o país de um quadro institucional e normativo no
sector das águas não pode ignorar a especificidade de alguns Estados em África,
nomeadamente a fragilidade das estruturas administrativas e a consequente
emergência de poderes informais localizados. É útil lembrar que tanto ou mais
importante do que dispor de um quadro legal formalmente instituído, de difícil
aplicação, importa traçar metas claras e exequíveis adoptando políticas e práticas de
gestão adequadas a responder ao projectado aumento da população e ao necessário
aumento de consumo de água, pelo menos, para usos domésticos. A que se deve
associar a necessidade de garantir a cooperação regional e, claro, a inevitabilidade de
promover um uso eficiente dos recursos hídricos.
A comunicação que se apresenta procura chamar a atenção para a importância de a
gestão dos recursos hídricos ganhar força na agenda política, económico-social e
ambiental e discutir a oportunidade e a aplicabilidade do quadro legal e institucional
proposto. Como chama a atenção Leestmaker (2001), um alto idealismo legal e um
fraco poder de institucionalização criam uma realidade sem regras e sem protecção,
que afecta sobretudo os pequenos e novos utilizadores da água e, ainda, o ambiente.
São precisamente os países ditos em desenvolvimento que mais dificuldades
denotam em garantir os direitos básicos às populações, a que não são estranhos
complexos e persistentes problemas que dificultam a boa governação.
Procura-se também equacionar os desafios que se colocam a Angola no quadro da
sua integração regional na SADC (Southern African Development Community), em
particular na desejável cooperação entre Estados com bacias hidrográficas
partilhadas.
Descritores: Planeamento de recursos hídricos / Gestão de recursos hídricos / Bacia
hidrográfica / Rio Cunene / País em via de desenvolvimento / Impacte
ambiental / Impacte socioeconómico / Utilização da água / Participação
política / Participação social