O mundo visto da terra, aqui à volta de casa
Sobre o livro
A quem ainda não conheceu o Manuel"Para quem nunca tenha tido a ocasião de conhecer o Manuel servem estas palavras. Todos os demais reconhecerão nelas alguma redundância, mas compreenderão que talvez ajudem a reconhecer o Manuel em tudo onde ele permanece tão visível quanto escondido… A Lourdes contou-me um dia que o Manuel, quando criança, queria ser invisível, em vez de ser arqueólogo, cientista, aviador ou bombeiro, como tantos de nós. Todos quantos o conheceram sabem que o conseguiu… O Manuel não gostava de dar nas vistas. Por isso fazer coisas era para ele um modo de se integrar no mundo, descobrindo algumas das coisas que ao mundo faziam falta para nele se estar bem. O Manuel sempre teve um grande cuidado em não acrescentar a nada mais do que o necessário, dispensando com grande lucidez tudo quanto nos possa distrair de ser e existir. Por isso ele renunciou a deixar vestígios de si para além dos momentos que construía com as suas palavras, com os seus silêncios, com o seu olhar, com as suas mãos, que sabiam descobrir coisas na vida mais do que acrescentar coisas à vida.[…]Por isso recomece o texto e a sua dedicatória, não para quem não tenha conhecido o Manuel mas sim para quem ainda não o descobriu, invisível sim, como só um amigo pode ser quando connosco o transportamos e ele nos leva por fim ao mais fundo de nós onde com ele nos reencontramos."
João Fernandes, na apresentação a este livro.