Sobre o livro
Trilogia autobiográfica, em que a autora começa pela narração de um nascimento: o seu.
A partir desse ponto, Yourcenar interroga-se: de onde vem?; quem foi a sua mãe, tão cedo desaparecida?; e o pai?
A autora dá a conhecer o modo como se construiu o seu universo interior, o seu mundo afectivo, como se teceu a ideia das suas relações familiares. Fala do papel desempenhado por seu pai na sua formação. Fala das viagens que fez e dos contactos que estabeleceu com os livros, com os monumentos e com as cidades.
A narrativa é acompanhada passo a passo por comentários que iluminam fragmentos da globalidade da vida.
Depois de Memórias e Arquivos do Norte, eis O Quê? A Eternidade, o terceiro volume da história familiar que Marguerite Yourcenar intitula O Labirinto do Mundo. O primeiro dedicado à sua família materna e a sua mãe, o segundo à sua família paterna e a seu pai. Neste último volume, a própria Marguerite, criança e adolescente, começa a aparecer, mas o eixo da narrativa é ainda novamente a personagem do seu pai: ele e sua mãe, a insuportável castelã do Montenegro, ele e os seus amores, legítimos ou não, as suas silenciosas generosidades, as suas amizades, a sua elegância, a sua negligência, a sua infatigável e inteligente solicitude passam pelo filtro de um amor profundo.
Marguerite, que fala tão pouco de si, dedica-se inteiramente a pintar o retrato desse homem que foge a qualquer sinal de casta e cuja nobreza não tem afectação nem falhas.
Ela amou ao mesmo tempo Jeanne, que foi amiga da sua mãe desaparecida e conheceu Egon, o inquietante marido de Jeanne. Egon será o modelo de Alexis, pois encontra-se também neste livro a chave, a razão de outros livros. É repleto de paixões, de perguntas sem respostas, de desastres privados e públicos. Um caos total de onde Marguerite Yourcenar recreou o seu próprio universo.
Esta é a última cartografia, onde se distinguem em filigrana os corredores do labirinto onde todas as sombras são vivas.