O Gato Branco Como a Neve
de António Cordeiro da Cunha
Sobre o livro
Para urdirmos uma história que valesse a pena, seleccionámos um conjunto de ideias, apostámos em teorias, desdobrámo-nos em mil planos, mas foi a realidade cósmica envolvente que fundou a essência da realização.
Acolhemos referências a favor do ideário, descobrimos valores na reserva das memórias, como se fossem pérolas, insurgimo-nos contra espartilhos que pudessem condicionar a dinâmica pulsante do exercício da escrita, afastámos o aforismo de que escrever é um acto solitário, e deitámos mãos à obra, dispostos a enfeitá-la, como se a quiséssemos oferecer a um pintor ou a um poeta.
Não respeitámos o roteiro, porque o importante era sofismar tudo, e prosseguir, ainda que os caminhos tivessem pedras.
E porque tudo isto era um propósito irrenunciável, tornava-se urgente (re)escrever a intimidade, o momento, o motivo, e sorver os estímulos denunciados na tessitura dos caminhos, ainda que por vezes não nos tivéssemos apercebido.
O Gato Branco como a Neve - alegoria no ventre expansivo da ficção - brotou de motivos fantasiosos, avesso a modelos, métodos ou projectos, inspirado numa ambiência excitante em que os protagonistas, esses, sim, ditaram as regras do jogo.
De um acidente automóvel sem grandes consequências, criou-se um enorme reboliço, sendo unânime que tudo acontecera por culpa do gato branco como a neve que passeara o seu estilo felino pela passadeira humana. A história acolhe-se e desperta na vivência que ela própria vitalizou e recriou, através de uma narrativa franca e espontânea, que evidencia cada facto e compromete o enredo, estimulando, página a página, o interesse do leitor. Esta história incorpora gente que sinaliza muitos destinos, factos que salpicam o nosso dia-a-dia, e para ficção só lhe falta a realidade.
Ao leitor, o convite para prosseguir, montado num burrico de pau.