Kant e o Ornitorrinco
Sobre o livro
De que fala este livro? Do ornitorrinco, é certo, mas também de outras coisas que observamos todos os dias e das razões pelas quais distinguimos um elefante de um tatu. Trata-se de um problema filosófico formidável que perseguiu o pensamento humano desde Platão até aos cognitivistas e que nem o próprio Kant conseguiu resolver ou sequer colocar de forma satisfatória.
A percepção que temos das coisas depende das estruturas dos nossos aparelhos cognitivo, linguístico, ou de ambos? Chegados a este ponto, vemos que os problemas semióticos estão intimamente ligados às ciências do conhecimento. A mais de vinte anos de distância da publicação do Tratado de Semiótica Geral, estes ensaios retomam uma série de temas (a semiose perceptiva, o iconismo, a relação entre linguagem, corpo e experiência, a referência) que nesse livro não receberam a atenção suficiente que é a semiótica geral tem de se pronunciar.
Renunciando a um tratamento sistemático, o autor efectua uma série de explorações a partir dos dados do senso comum, donde derivam muitas histórias ou «apólogos», que como tantos apólogos contam com animais como protagonistas. Entre estes ganha uma posição de relevo o ornitorrinco, que parece feito propositadamente para colocar em crise muitas teorias do conhecimento.
Correio da Manhã