História do Pensamento Filosófico Português - Volume IV
O Século XIX - Tomo 2
de Manuel Cândido Pimentel e Pedro Calafate
Sobre o livro
Este segundo tomo do volume IV possui uma identidade própria, na medida em que estuda preferencialmente os aspectos sociais e políticos do pensamento português do século XIX, dando especial ênfase à filosofia do direito e à filosofia política.
No caso da filosofia do direito, enquanto a primeira metade do século foi marcada pela afirmação das correntes do empirismo que acentuavam a importância da psicologia da sensação e, portanto, o papel da experiência como fonte dos princípios morais e jurídicos, a segunda metade será marcada pelo espiritualismo de raiz krausista, avançando, graças aos mestres de Direito da Universidade de Coimbra, para uma concepção do espírito como elemento essencialmente activo e criador, a que se contraporão, neste mesmo período, as correntes positivistas e naturalistas de Teófilo Braga e Emídio Garcia.
No caso da filosofia política, o relevo vai naturalmente para o movimento liberal que sustentou as primeiras afirmações da monarquia constitucional e suas vicissitudes, em torno de nomes como os de Garrett, Herculano, Mouzinho e tantos outros, sem esquecer o tradicionalismo contra-revolucionário, e, sobretudo, as correntes socialistas e positivistas, que alimentaram uma interessante disputa no seio da riquíssima geração de 70, difundindo-se rapidamente por amplos sectores da sociedade portuguesa, e terminando na hegemonia política e institucional do positivismo.
Para lá destas questões de maior amplitude, não esquecemos dois outros aspectos em que se sustenta também a existência individual e social do homem: a educação e a ciência. A primeira centrada em autores como Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Francisco Adolfo Coelho e Ferreira-Deusdado, e a segunda em torno dos debates sobre a principal disciplina científica do século XIX: a biologia, com as suas naturais ramificações ao nível das ciências médicas em Portugal.