História do Pensamento Filosófico Português. Idade Média (Volume I)
de Pedro Calafate
Sobre o livro
Uma obra fundamental e de grande fôlego, que faltava à nossa cultura e ao panorama editorial português. A "História do Pensamento Filosófico Português", que terá 5 volumes (para além deste, sobre a Idade Média, encontra-se também já disponível o do séc. XX) foi dirigida por Pedro Calafate e contou com a colaboração de cerca de 50 especialistas de universidades portuguesas e brasileiras.
Tratava-se, à partida, de um projecto difícil, pois grande parte da nossa "filosofia" está expressa na nossa tradição literária e histórica. Por isso o organizador desta obra preferiu chamar-lhe antes "pensamento filosófico português", que é algo mais abrangente e que ele próprio define assim, em curto balanço, numa entrevista ao suplemento "Leituras", do jornal "Público" (4/11/00): "Sem preocupações de exclusividade simplista, uma vez que se verifica o constante cruzamento de linhas de continuidade e de descontinuidade, posso arriscar dizendo que se constata uma forte presença de matriz cristã e do humanismo clássico, o que por si só não inviabiliza a tendência heterodoxa que, a partir da Geração de 70 e de Sampaio Bruno, se afirmou na nossa cultura filosófica, tendo no seu centro a questão de Deus e do mal. É no entanto possível sublinhar a importância de temas do foro teológico, ético, jurídico-político e também pedagógico.
"É também legítimo concluir que, em termos de importância e projecção correspondente, as escolas que mais marcaram a nossa história foram a escolástica e o positivismo. Curiosamente, reagindo contra o racionalismo e a disciplina escolástica e positivista, bem como ao racionalismo idealista e crítico de António Sérgio, vemos afirmar-se, sobretudo no século XX, uma tendência brumosa, uma filosofia de "raiz atlântica", mais aberta ao mito bem como à reflexão sobre o destino de Portugal, numa linha que vai de Pascoaes e Pessoa até Agostinho da Silva e António Quadros."
Esta História é profundamente heterogénea, nos seus temas e pelos seus colaboradores, de sensibilidades muito diferentes "É essa a sua riqueza." Não se optou por uma perspectiva de "escola" ou de "grupo", criou-se um "espaço articulado de diferenças" - tanto se abordam as grandes polémicas (António Sérgio/Teixeira de Pascoaes, por exemplo) como os sermões de António Vieira, a literatura de viagens (dando um novo modelo do Homem), a influência da Renascença portuguesa em Itália, o platonismo de Camões, a poesia de Antero ou de Guerra Junqueiro, o tratado da educação escrito por Garrett, as influências de Hegel e Schopenhauer em Oliveira Martins ou os temas existenciais no teatro e no romance de Raul Brandão. Cada autor teve direito a uma monografia ampla, "não são verbetes de uma enciclopédia", feita numa "perspectiva didáctica e pedagógica", de apoio ao ensino. "Daí a extensão da obra.""
Diário de Notícias