História da Medicina Portuguesa durante a Expansão
de Germano Sousa
Sobre o livro
Sou de opinião que a chamada pequena história, a
história do quotidiano, a história de uma ciência ou de
um determinado sector da sociedade, torna mais
percetível e esclarece melhor a grande História. Sou
também dos que se honram da sua profissão e, como
tal, gosto de investigar e divulgar o seu passado,
seguindo aliás, e com humildade, o exemplo maior de
notáveis médicos historiadores que desde o século XIX
têm abordado aspetos diversos da história da medicina
portuguesa ao tempo da Expansão, como Maximiano de
Lemos, Luís de Pina, Augusto Silva Carvalho, Ferreira de
Mira, Mário Carmona, José de Vasconcelos e Menezes e
outros.
Com este livro procurei fazer uma reflexão sobre o que foi a
história da atividade médica e assistencial em Portugal e nas
terras descobertas durante um período tão intenso e
extraordinário da sua história e da história do mundo, época
única na qual o nosso país foi um dos principais atores. Por
um lado, saber como era ser médico nessa altura, quais
eram a sua formação, os seus conhecimentos e a sua
prática. Depois, lembrar como foram e como funcionaram os
dois principais hospitais reais de então, o Hospital Real de
Todos os Santos e o Hospital Real de Goa, e pôr em relevo a
visão de governantes como D. João II, D. Manuel I e D. João
III e dos seus conselheiros, que precocemente perceberam a
necessidade de criar mecanismos de assistência sanitária
que acompanhassem o esforço dos Descobrimentos. Por
outro lado, dar um panorama do que foi a «medicina e a
doença embarcada» e do sofrimento que isso significou para
milhares de portugueses que tiveram a coragem de
demandar as Índias, o Japão ou os Brasis. Por fim, descobrir
e investigar de que forma participaram os médicos e os
boticários na Expansão, e relatar as novas doenças
existentes ou vindas das novas terras descobertas e em
especial o impacte social de uma delas, a sífilis, a mais
terrível de todas. (Da Introdução)