Extremis

Forma e conteúdo equilibram-se em Extremis, numa narrativa minuciosa e num encadeamento e tensão crescentes, produzindo o efeito da fusão leitor-obra, resultante de toda trama ficcional bem urdida.
O romance sustenta-se em três grandes personagens que transitam num ambiente prosaico e rotineiro de uma cidade pequena. Quanto à força desses personagens (Bené, D. Maura e Armandinho), reside justamente na excentricidade específica de cada um deles e no anômalo relacionamento recíproco.
Bené aproxima-se do herói realista que pensa e age como representante da ideologia de uma classe social. Sua obsessão pelo sexo era estimulada mais pelo prazer de encarnar o arquétipo do macho perfeito, na sua época e sociedade, do que por uma necessidade funcional.
D. Maura representa a decadência em diversos sentidos, constituindo-se num ser isolado, fera acuada dentro do seu próprio universo...
Armandinho é um homem em conflito, característica dos grandes personagens. A sua dor pela não aceitação de si mesmo, o mito inatingível do pai (...) colocam o leitor entre a angústia, a comiseração e a simpatia pelo personagem.