Equatorial
de Fabiano Calixto
Grátis
Sobre o livro
«Há poetas muito intelectuais, poetas muito ciosos, poetas que empurram os limites da poesia, poetas que praticam formas velhas a contrapelo da época, poetas que elaboram uma linguagem poética que só existe em seus poemas, poetas para quem a língua é uma máquina de efeitos, etc. Mas são tão ou mais raros aqueles poetas cuja linguagem atinge um conhecimento íntimo da língua usada, sem ruído espalhafatoso, conseguindo perpassá-la com uma fala viável e fluida, composta de seus diversos extratos em uma amálgama. […] Fabiano Calixto é um desses raros poetas: com um ouvido dos mais atentos à língua falada e à língua escrita no Brasil.» —Do posfácio de Dirceu Villa
A estreia de um poeta brasileiro, nunca antes publicado em Portugal, na Colecção de Poesia dirigida por Pedro Mexia
Poesia quotidiana, por certo, mas naquele sentido que Alexandre O'Neill lhe conferia. Isto é, poesia que parte do senso comum, sem preconceitos nem estereótipos de universalidade, mas que, por isso mesmo, alcança a ciência dos dias em rasgos e em observações capazes de transcender os dias para se instalar no tempo onde manda a eternidade. Há poemas absolutamente geniais, tais como Oratório ou Iracema (bem diferentes na forma), onde o concreto e o imaginário se articulam na criação de imagens sedutoras e poderosas. Esta é, talvez, a capacidade mais apreciável de Fabiano Calixto, ou seja, a de jogar com todos os recursos fonológicos e sintáticos disponíveis, fazendo uso de aliterações e de elipses, de anáforas e de hipérbatos, na construção de metáforas cujo efeito não é meramente decorativo, pois o poeta jamais enjeita o conteúdo em prol da mera diversão.