Cinema e Arquitectura
Sobre o livro
O cinema e a arquitectura desde sempre se entrecruzaram e a relação entre os dois pode ser observada da várias formas. No cinema construem-se cenários, que poderão ser cidades inteiras, semelhantes àquelas em que vivemos, projectam-se cidades futuras ou recriam-se antigas, utiliza-se a arquitectura das cidades ou dos espaços já existentes como cenário para as histórias. Mas no cinema a arquitectura nem sempre é apenas o cenário; torna-se muitas vezes protagonista.
Numa iniciativa recente da Cinemateca Portuguesa e da licenciatura em Arquitectura do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa teve lugar um ciclo de Cinema e Arquitectura, com a edição de um notável catálogo, coordenado por António Rodrigues e com grafismo de João Botelho, em que colaboraram vários críticos de cinema e arquitectos.
«Pode construir-se uma história da arquitectura através da sua representação no cinema. Desde as vanguardas construtivistas, profundamente marcadas pelas novas técnicas cinematográficas, à arquitectura expressionista alemã dos anos 30 prenunciada nos cenários do GABINETE DO DR. CALIGARI, à cidade industrial desumanizada na visão sombria de METROPOLIS, ao desencanto com os resultados do movimento moderno dos anos 50 e 60, criticado nostalgicamente no MEU TIO, ou mais acidamente em PLAYTIME, ou a arquitectura eclética dos anos 90 de que BLADE RUNNER constituiu um manifesto premonitório. Se, por um lado, os espaços do cinema se baseiam na arquitectura, e constituem um reflexo de desenvolvimentos contemporâneos, inversamente, o cinema dá-nos as suas próprias leituras e propostas inovadoras de espaços, que podem constituir importante material de reflexão para os arquitectos.» Manuel C. Teixeira, na Introdução.
O catálogo, como o ciclo, foi organizado por temas ( "Cidades Luz"; "Reciprocidades", "Cenários. Edifícios", "A Imagem da Cidade", "Personagens") e sub-temas (dentro daqueles; nomeiam-se alguns: "O Cinema, as Artes e a Arquitectura", por Mallet Stevens; "Antes e depois de METROPOLIS: o Cinema e a Arquitectura em Busca da Cidade Moderna", por Dietrich Neuman; " "A Arquitectura nos Filmes de Jacques Tati", por Françis Penz, uma obra fundamental para pensar o espaço da cidade moderna, da habitação moderna, etc.; "O Olhar Sobre a CIdade", por Gianni Canova; "A Cidade Europeia e a Cidade Americana", por Leonardo Previ; "New York", por Fernand Léger; "Regresso a Berlim", por Lotte Eisner; etc., etc.. Os artigos são acompanhado de iconografia variada.