Cartas, Máximas e Sentenças
de Epicuro; Tradução: Gabriela Baião
Grátis
Sobre o livro
Serenidade, conquistada aos sofrimentos do corpo e às perturbações da alma, eis o caminho que nos indica Epicuro para alcançar a Felicidade. Dos seus inúmeros escritos, encontram-se reunidos nesta obra as três cartas integrais e as duas recolhas de máximas que subsistiram no tempo e chegaram até nós. Escrita simples e poderosa, ao alcance do comum dos leitores, a filosofia de Epicuro, conduzindo-nos ao prazer do sábio, é uma revelação, um daqueles momentos da vida em que nos sentimos verdadeiramente gratos e nos apetece dizer: sou feliz. Obrigado Epicuro.
«Foi um deus, sim, um deus, aquele que, pela primeira vez, ensinou aos homens esta regra de vida a que chamamos hoje sabedoria e que, pela sua arte, soube arrancar a nossa existência a tempestades e a trevas tão profundas para a colocar numa estância tão serena e tão luminosa».
Lucrécio sobre Epicuro
«Pratica tu próprio estas coisas e outras semelhantes, dia e noite e na companhia de alguém que seja como tu, e jamais, nem desperto nem em sonhos, sentirás perturbação, mas viverás como um deus entre os homens. Pois em nada se parece com um mortal o homem que vive entre bens imortais.»
Epicuro, Carta a Meneceu
Nascido em Samos em 341 a.C., Epicuro fundou a sua escola nos subúrbios de Atenas. Afastado da turbulência citadina, mais próximo da paz campestre, o Jardim admitia mulheres, escravos, prostitutas e ostentava no pórtico a seguinte inscrição: «Visitante, terás aqui uma agradável estadia, pois aqui o bem supremo é o prazer!» Os adversários acusaram-no de promover orgias, foram colocadas a circular “cartas licenciosas” que lhe eram atribuídas, disseram que era irmão de um proxeneta, que auxiliava a mãe nas suas tarefas de curandeira, que plagiou Demócrito, que não era cidadão legítimo, que era obsceno, que «vomitava duas vezes por dia por causa dos excessos», etc.. Na verdade, pouco podemos saber acerca da veracidade das calúnias. Podemos concentrar-nos nos escritos do réu e tentar compreender o que possa ter havido neles de tão perverso e incitador. A ética Epicurista resulta de uma concepção do mundo refutadora de dimensões idealistas e planos fantasmagóricos da realidade. Podemos ir mais longe na deambulação especulativa afirmando que tanto a "República" ideal platónica como a crendice popular que Epicuro tão bem terá conhecido de acompanhar sua mãe nas artes mágicas, são os alvos da vida festejada no Jardim. O prazer que se coloca no centro da vida feliz, enquanto ausência e denegação da dor, não tem outro sentido senão o de chamar as hordas à realidade, libertando-as dos erros e das falsidades que advêm de opiniões sem confirmação sensível.