Bens de Hereges
Inquisição e Cultura Material - Portugal e Brasil (Sec. XVII-XVIII)
de Isabel M. R. Mendes e Paulo Drumond Braga
Sobre o livro
Partindo de inventários de bens contidos em processos do Santo Ofício da Inquisição movidos a cristãos-novos de judeus presos ao longo dos séculos XVII e XVIII, tentámos conhecer aspectos relevantes da cultura material dos grupos intermédios de Portugal e do Brasil colonial.
Em causa esteve a utilização de fontes inéditas para o estudo dos bens que integravam os patrimónios, porém, mais do que uma história dos objectos - já por si relevante - a investigação orientou-se para a análise das relações estabelecidas entre as pessoas e os bens quer os essenciais de uso corrente quer os que permitiam evidenciar status.
Se o estudo permitiu conhecer os patrimónios e a avaliação de parte deles, desde uns trastes quaisquer até extensas propriedades, muitos escravos, ricos vestidos a par de jóias e de pratas de valor e qualidade, também é certo que estes dados, apoiados em vastíssima casuística e tratados em quadros e gráficos - numa tentativa de equilibrar questões qualitativas e quantitativas, ambas muitíssimo relevantes neste tipo de estudos para evitar cair no episódico ou na aridez dos números - foi igualmente necessário ir mais longe, ou seja explicar a relação entre as pessoas e os bens, percepcionar os investimentos individuais ou familiares em termos de construção de imagem, compreender o que significava luxo e em que contextos aparecia.