Ascenção e Queda de um Bispo
de Luísa Coutinho
Sobre o livro
Num conturbado período de crise religiosa e de afirmação do poder político, D. frei Manuel de Santo António, primeiro bispo de Malaca a residir em Timor, foi uma figura marcante na história religiosa e política de Timor. Homem controverso, viveu convictamente, entregando-se apaixonadamente às suas causas, crenças e valores. Abdicou de uma vida confortável e de uma brilhante carreira académica, para se dedicar à evangelização de Timor. Acreditava servir os crentes timorenses, a Igreja e a soberania portuguesa na ilha. Procurou dilatar e consolidar a soberania portuguesa na ilha, cristianizar toda a ilha de Timor e entregá-la pacificada à Coroa portuguesa. Foi governador e combateu lado a lado com os régulos timorenses na defesa dos interesses nacionais. Em tempo de crise moral e disciplinar, D. frei Manuel foi sempre intransigente contra o declínio moral de muitos missionários dominicanos, que recriminava publicamente, grangeando inimigos ferozes na Ordem de São Domingos, da qual fazia parte. Na Índia e no Reino, eram conhecidos os seus arrebatamentos. Impossibilitado de reprimir eficazmente as falhas cometidas pelos regulares, D. frei Manuel viu-se muitas vezes envolvido em conflitos violentos com os seus irmãos dominicanos. Passou vinte e quatro anos em Timor e travou muitas batalhas, em várias frentes, para poder cumprir a sua missão. Após uma longa e exaustiva dedicação, foi expulso da ilha que escolheu para sua terra. Quando ia a caminho do exílio, o bispo de Malaca tentou ir para o Sião e para a Cochinchina, para a frente da batalha que opunha o Padroado Português do Oriente à Propaganda Fide, mas foi-lhe negada essa possibilidade. Permaneceu em Goa, até ao fim dos seus dias, e continuou a defender até à exaustão os princípios pelos quais pautou a sua vida. D. frei Manuel de Santo António morreu em pleno combate, tal como viveu! Comemoram-se 350 anos do seu nascimento.