A Negação da Alma
de M. Scott Peck
Sobre o livro
Scott Peck explora as questões centrais que qualquer pessoa deve levantar ao encarar a eutanásia para si própria, para aqueles que ama, para a sociedade em geral:
Qual a diferença entre tirar a vida e permitir a morte? A dor física ou emocional pode justificar a eutanásia? O que podemos aprender com o processo de morte natural?
Enquanto médico, psiquiatra e teólogo, M. Scott Peck está singularmente apto a abordar as complexas questões que resultam do facto de ser possível manter as pessoas vivas através da tecnologia da medicina - sacrificando muitas vezes a essência da vida.
"Como posso dizer que Tony morreria indubitável e rapidamente se eu não tivesse reduzido a quantidade de adrenalina utilizada para manter a sua pressão arterial? Não existem remissões espontâneas de cancro? E curas milagrosas? Não há doenças que desaparecem de modo súbito e misterioso?
Sim, de facto, esses fenómenos existem. Mas tendem a ocorrer relativamente cedo no curso da enfermidade. Nunca ouvi falar da cura de uma doença que tivesse progredido até ao ponto do cancro de Tony.
Ainda assim, aprendi a desconfiar da capacidade humana de prever quase tudo com toda a certeza. Acredito que existe sempre um elemento de dúvida. Foi por isso que, quando naquela manhã há trinta anos atrás rodei cuidadosamente o grampo do tubo intravenoso de Tony, o fiz cheio de receio e de dúvidas. Desejei desesperadamente ter podido partilhar esta decisão. Acho que uma opção destas não deve ser feita por um único médico, excepto se não houver outra escolha.
Apraz-me constatar que o clima propício a decisões deste tipo tem melhorado bastante nos últimos trinta anos. É agora uma questão de rotina pôr em causa o recurso a medidas heróicas em situações como a de Tony e envolver a família nessa decisão. Em 1965, isto era impensável. Nessa altura, o procedimento a seguir era usar a tecnologia de saúde até aos seus limites, combater a morte até ao fim e nunca considerar sequer a possibilidade de a família ter uma voz activa nesse processo. Hoje em dia, faz parte da rotina discutir estas questões com a maior parte das famílias."