A Montanha Mágica
de Thomas Mann; Tradução: Gilda Lopes Encarnação
Sobre o livro
Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o Ensino Secundário como sugestão de leitura.
História mágica ou filosófica, romance histórico ou de formação, narrativa
sobre o tempo ou viagem interior de um jovem alemão honrado e ávido de
experiências, este romance envolve e enreda o leitor em teias mágicas
que não mais o libertarão, entre a sátira e a seriedade, o humor e a ironia,
a luz e o niilismo, numa sinfonia contra-pontística em que liberalismo e
conservadorismo, decadência e sublimação, doença e saúde, espírito e
natureza, morte e vida, honra e volúpia se sucedem num torvelinho que só
a Primeira Guerra Mundial conseguirá dissipar. Quando as fundações da
Terra e da montanha mágica começam a tremer, quando o mundo
hermético feito de tédio, torpor e exasperação começa a abalar, por acção
do trovão e do enxofre, das baionetas e dos canhões, é que o arganaz
adormecido esfrega os olhos e começa a endireitar-se, saindo da sua
tenaz hibernação, expulso do seu reino e dos seus sonhos, salvo e liberto,
depois de quebrado tão longo e mágico encanto.
Dóris Graça Dias, Ler
O que deveria resultar num pequeno romance, redundou numa obra com mais de 800 páginas (na edição portuguesa) levada a cabo durante doze anos. Apesar da extensão e das dificuldades de leitura inerentes a um estilo tão reflexivo quão minuciosamente descritivo, "A Montanha Mágica" mereceu um acolhimento excepcional do público, sendo imediatamente traduzida para quase todas as línguas europeias. A narrativa decorre, na sua quase totalidade, no interior do Sanatório Internacional Berghof, onde o jovem burguês Hans Castorp vai visitar o primo, Joachim Ziemben, que aí se encontra internado recuperando de problemas pulmonares. Com o avançar das páginas e a sucessão de capítulos, aclara-se uma das intenções centrais do romance: indagar acerca do tempo. E é com indiscutível mestria que o faz.