«Bergoglio salvou muitos, muitos mais do que ele próprio poderá talvez recordar.»
Ninguém, a começar pelo círculo mais próximo, absolutamente ninguém pareceu ter vontade de colocar-me na pista certa. Nem o sobrinho, o jesuíta padre José Luis Narvaja, que, em Buenos Aires, dirige o Centro de Estudos Thomas Falkner. Nem Alicia Oliveira, magistrada e advogada que Bergoglio protegeu repetidamente. Nem o padre Juan Carlos Scannone, o grande teólogo argentino, que me contou a sua história, revelando pela primeira vez como escapou à perseguição. Em suma, nada de nomes. Nem sequer um traço ou uma pontinha da verdade que conduzisse à «lista» do padre Jorge. «Desculpa, mas a partir daqui és tu quem tem de descobrir o resto da história»; «Tenho a certeza de que poderás compreender», responderam alguns deles perante as insistências. Era como se houvesse um segredo ou um pacto de silêncio que procuravam manter.
Só me restava investigar. Chegar a Buenos Aires e de lá ir ao Uruguai e ao Paraguai até chegar a Itália, percorrendo as estradas que, segundo alguns relatos, levavam às histórias de vida daqueles Bergoglio salvou. E foi isso que fiz.
Na Argentina, os militares tomam o poder. Rebenta o terror. O exército rapta e mata dezenas de milhares de pessoas, naquele processo trágico que ficou conhecido como o drama dos desaparecidos. Em Buenos Aires, de forma discreta mas heróica, o jesuíta Jorge Mario Bergoglio salva todos os perseguidos que pode.
Hoje, aquele padre chegou a papa com o nome Francisco. E os que foram ajudados por ele revelam como é que o jesuíta Jorge, agindo em silêncio, os resgatava.
Este interessante livro revela-nos o passado misericordioso do Papa Francisco, então com o nome de Jorge Mario Bergoglio, um padre jesuíta que tentou salvar todos os perseguidos pelo drama dos desaparecidos. Um livro a não perder para todos aqueles que pretendem saber mais sobre este notável Papa.