A Indiferença é Morrer com a Solidão aos Pés da Cama
de Afonso Valente Batista
Sobre o livro
Morrem velhos neste país velho de velhos na indiferença de nem se dar por isso.
"Do amor de que fomos feitos resta nada, ausências, infortúnios, alheamentos, abandonos, (in)diferenças".
"Somos, na insignificância do que somos, um sedimento ambulante, a solidão nossa e a dos outros, e dos outros a sua insensibilidade, não somos mais do que sonâmbulos espantalhos com alma de passados e relógios de que ser inútil, encruzilhando memórias, horas irregulares, empecilhos de partidas sem regresso, finalmente, espectros de nós próprios".
"Com a hipocrisia de farsantes desapiedados, sem nada deles querem saber, passaram a fazer dos velhos a notícias".
A INDIFERENÇA É MORRER COM A SOLIDÃO AOS PÉS DA CAMA é um relato doloroso, sofrido, impiedoso, mas, também, terno, afável, resignado de um velho que morre na mais solitária das indiferenças na companhia de um tumor, o único que não o abandona até ao fim, quando os vizinhos que não suportam os maus cheiros, dele dão conta.
A solidão, o abandono, a indiferença, a hipocrisia, o egoísmo, o desinteresse, a penúria de sentimentos, a falsidade são as cores a preto com que o autor pinta o retrato deste velho, (de todos nós), que morre agarrado à esperança de não lhe queimaram a memória, único património que lhe resta e quer levar consigo.