A Génese do Amor
de Ana Luísa Amaral
Sobre o livro
Ana Luísa Amaral venceu, com esta obra, o Prémio Literário Casino da Póvoa / Correntes D'escritas 2007 - Encontro de Escritores de Expressão Ibérica.
O galardão, no valor de 20.000 euros, foi atribuído a Ana Luísa Amaral por unanimidade de um júri constituído pelos escritores Ana Paula Tavares, Patrícia Reis, Luís Adriano Carlos, Pedro Eiras e Rosa Martelo.
"O mais recente livro de Ana Luísa Amaral [...] é uma tentativa de criar uma encenação poética que nos mostre que o amor nasce no tempo, mas nasce para ser intemporal, e que as palavras com que foi cantado permanecem vivas, embora o modo de as vivermos dia a dia se tenha alterado."
Eduardo Prado Coelho, Público
Paula Morão, JL
Foste, palavra minha,
o mantimento
que trouxe de jornada,
e alimentaste a génese de tudo
nas visões
mais amargas
Ainda que em silêncio,
diz-me agora
de como pode ser
contentamento
este fogo de luz:
cruel morada
Dá-me outra vez,
em papel brando,
o mundo:
Eu: queimando por versos
um segundo,
tu, por um som,
ardendo eternidade
"...é um livro sobre o amor humano, nessa medida, ele é necessariamente também um livro sobre a efemeridade do amor humano. Há um soneto do Vinícius de Moraes, muito conhecido, que acaba com os versos "que não seja imortal, posto que é chama,/ mas que seja infinito enquanto dure". É justamente a possibilidade de conter o infinito no finito. É isso que diz a "Última Meditação de Camões", em que o poeta se auto-declara como aquele que queima por versos um segundo, ao passo que a palavra arde eternidade por um som. A única coisa que pode tornar o amor infinito é a palavra. Em termos humanos, em termos terrenos - e é na terra que nós vivemos -, o amor tem sempre essa dimensão de precariedade, e a própria ameaça está lá. Penso que a intensidade também tem a ver com isso. "
Ana Luísa Amaral em entrevista a O Primeiro de Janeiro