A Emoção nas Organizações
de Carla Carvalho, Paulo Renato Lourenço e Carlos Peralta
Sobre o livro
As emoções e a sua regulação têm recebido crescente atenção, científica e divulgativa, pois existe evidência crescente de que influenciam o sucesso pessoal, grupal e organizacional. Este estatuto atribuído às emoções resultou, em grande parte, do reconhecimento da importância das manifestações afectivas nas organizações e, em particular, da emergência da Inteligência Emocional e do Trabalho Emocional como temáticas de relevo para as ciências da organização.
A inteligência emocional constitui a capacidade de perceber as emoções, de assimilar/integrar emoções e sentimentos, de compreender o conteúdo ou a informação dessas mesmas emoções e de saber geri-las, enquanto o trabalho emocional é definido como a regulação emocional necessária para a expressão de emoções esperadas do profissional e adequadas ao ambiente de trabalho e à transacção interpessoal específica. Embora existam bastantes livros focados na inteligência emocional, o trabalho emocional, a articulação entre inteligência emocional e trabalho emocional, bem como a regulação emocional em grupos constituem, por contraste, tópicos praticamente ausentes. Investigadores, gestores e todos quantos fazem das organizações e da acção de organizar o seu quotidiano têm revelado, contudo, um interesse crescente nestas temáticas.
É no contexto enunciado que surge a organização desta obra, com onze capítulos escritos por diversos investigadores numa linguagem rigorosa mas acessível ao leitor sem formação avançada em Comportamento Organizacional.
O primeiro capítulo apresenta uma integração de dois blocos de literatura que têm vindo a ser analisados independentemente mas que são complementares e interdependentes: inteligência emocional e trabalho emocional. O segundo texto aborda o papel da inteligência emocional no desenvolvimento dos líderes. Os quatro textos seguintes dizem respeito a resultados de investigação e a domínios de aplicação dos principais tópicos focados neste livro: o terceiro capítulo analisa a relação do trabalho emocional com a satisfação com o trabalho e com o stresse ocupacional em profissionais de mercados financeiros; o quarto texto descreve o papel de diferentes estratégias de regulação emocional na relação entre as regras organizacionais de expressão emocional e o burnout em profissionais de saúde; o quinto trabalho analisa a relação entre as respostas psicológicas positivas a stressores e o burnout, o comprometimento com o trabalho e o bem-estar em assistentes sociais; e, por fim, o sexto capítulo analisa a relação entre o conflito trabalho-família e a síndrome de burnout em professores universitários.
Os dois capítulos subsequentes referem-se à apresentação de duas escalas potencialmente úteis para uso em contexto de intervenção e de investigação: a primeira analisa em que medida um indivíduo tende a recorrer mais a um estilo de pensamento linear (assente na racionalidade) ou não linear (assente na intuição e em sentimentos), e a segunda avalia o bem-estar afectivo no trabalho em contexto de equipas de trabalho.
Os três últimos capítulos focam-se no estudo das emoções em grupos e equipas: o capítulo nono avalia as relações entre a expressão e a supressão emocional e as diferentes fases da vida grupal; o capítulo décimo introduz a temática da inteligência emocional nas equipas e avalia em que medida ela oscila de acordo com a fase de desenvolvimento grupal; e o último capítulo descreve as relações entre as emoções e a emergência de conflitos em equipas.