História Possível De Uma Provável História
de Francisco Dias Teixeira
Sobre o livro
"Em maio de 1968, nasce Patrícia Polpettoni Pereira, filha do casal Alberto e Fátima; ele, militar; ela, secretária de uma empresa multinacional. Sua formação é contraditoriamente marcada pelos ares libertários da "revolução cultural" e pela opressão do regime militar. Desde criança, Patrícia alimenta dúvida quanto a ser filha do suposto pai. Ao ingressa na universidade, fim da década de 80, ela descobre a militância política e alimenta a ilusão de viver os "anos sessenta", que os seus pais, então jovens, ignoraram. Já formada, ocorrem fatos que fazem Patrícia suspeitar de que ela e seu irmão Rodrigo são filhos do diretor da multinacional de quem a sua mãe era secretária. Tendo a sua mãe por falsa e o seu pai por covarde, ambos mais interessados em manter o próprio casamento de que revelar a verdade de sua filiação paterna, Patrícia generaliza a sua dúvida quanto a toda filiação paterna, e se afasta de sua família. Parodiando Brás Cubas, decide não ter filho, para não transmitir a ninguém a dúvida quanto à filiação paterna. Desinteressa-se pela militância política, descobre o prazer no dinheiro e torna-se obcecada pela riqueza. Mas logo tudo isso a entedia. Na véspera de completar quarenta anos, sentindo-se abandonada pala família e pelos amigos, Patrícia vaga pela cidade e vai parar num bar boêmio. Lá, encontra um homem também solitário, que lhe diz haver decido não ter filho, depois que ouvira a história de uma amante, casada, segundo a qual nenhum de seus dois filhos é filho do "pai oficial". Assim, ambos comungando do ceticismo de Brás Cubas, eles veem a oportunidade de formarem um casal-sem-filho. Mas logo Patrícia desconfia de que a mulher referida pelo companheiro de copo é a sua mãe; e, portanto, ela teria traído o marido não apenas com o diretor da empresa multinacional, mas também com aquele homem diante do qual ela, Patrícia, agora se encontrava às portas de um namoro. Inebriada pela dúvida e pelo vinho, Patrícia despede-se de seu amigo de bar e volta para casa decidida a escrever a sua história, que seria a obra literária que ela sempre ambicionara realizar. Porém, vendo-se - ela, Patrícia-real - incapaz de realizar a tarefa, faz-se de morta e se transforma numa personagem, que conta a história possível de sua provável história. O que se disse acima, portanto, nada antecipa desta História Possível de uma Provável História, que se inicia exatamente neste ponto. "