10 livros a não perder este outono
Por: Bertrand Livreiros a 2020-10-06 // Coordenação Editorial: Marisa Sousa
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"No entardecer da terra / O sopro do longo outono / Amareleceu o chão." Relembramos as palavras de Fernando Pessoa à medida que os dias se vão tornando mais frios e as árvores mudam de cor. O outono já chegou, e pede chá, mantas, lareira e muitos, muitos, livros. Se procura sugestões de livros para ler nos próximos meses, temos dez sugestões imperdíveis para si.
PARA OS QUE GOSTAM DE RIR
Isto tem piada?, de Jerry Seinfeld
Protagonista de uma das mais influentes séries de comédia de sempre, e um dos mais importantes comediantes de stand-up da sua geração, Jerry Seinfeld é o autor do livro Isto tem piada?, que reúne algum do seu material preferido. Desde que fez a sua estreia no lendário clube noturno nova-iorquino Catch a Rising Star, no outono de 1975, Seinfeld guardou todo o material que escreveu desde então, tendo confessado: "Sempre que me ocorria alguma coisa engraçada, fosse no palco, numa conversa ou no grande bloco de notas amarelo que era a minha tela favorita, guardava tudo numa daquelas pastas antigas de fole." A partir daí, selecionou as piadas de que gostava mais e organizou-as por décadas, resultando num livro hilariante que é, ao mesmo tempo, um testemunho único da evolução de um dos grandes comediantes da nossa era.
Idiotas, Úteis e Inúteis, de Ricardo Araújo Pereira
Escreve o comediante Ricardo Araújo Pereira, "Toda a gente tolera os idiotas úteis — que são, aliás, o melhor tipo de idiota. Os idiotas inúteis, pelo contrário, geram muito menos simpatia, uma vez que juntam a inutilidade à idiotice." Idiotas Úteis e Inúteis surge na sequência do livro Estar vivo aleija e reúne mais de cem crónicas humorísticas que o autor escreveu originalmente para o jornal brasileiro Folha de S. Paulo. Percorrendo temas como a vida política brasileira, a etiqueta respiratória sob pandemia ou o politicamente correto, este é mais um exemplo imperdível do modo particular do comediante de observar o mundo.
PARA OS QUE GOSTAM DE LITERATURA
Contra mim, de Valter Hugo Mãe
Inspirado por um ano atípico que convida à introspeção, Valter Hugo Mãe regressa à sua infância para o seu novo romance autobiográfico, Contra mim. Escreve o autor: "Estamos sempre à procura das nossas grandes crianças. Essas que começámos por ser e que se tornam paulatinamente inacessíveis, como irreais e até proibidas. Crianças que caducaram, partiram, tantas por ofensa, tantas apenas por esquecimento." Explorando a forma como de um menino nasce um escritor, este é um livro sobre "a magia profunda de crescer fazendo das palavras alimento, companhia, lugar, espera ou bocados de Deus" (da sinopse), da autoria de um dos mais conceituados escritores portugueses da atualidade.
O Mapeador de Ausências, de Mia Couto
O segundo romance de Mia Couto publicado este ano, O Mapeador de Ausências, conta a história de Diogo Santiago, um prestigiado inteletual moçambicano. Professor universitário e poeta, desloca-se pela primeira vez em muitos anos à sua terra natal, a cidade da Beira, nas vésperas do ciclone que a arrasou em 2019. Mas esta viagem revela ser, mais do que um percurso feito no espaço, uma verdadeira viagem no tempo, pois o regresso à terra que o viu nascer traz ao de cima inúmeras recordações sobre a sua infância. Entre elas, a relação com o pai, jornalista e também poeta, e com a sua mãe, prática e totalmente terra-a-terra, bem como episódios importantes da história de Moçambique na altura em que o país era ainda uma colónia portuguesa.
Diccionario da Linguagem das Flores, de António Lobo Antunes
O novo romance de António Lobo Antunes, Diccionario da Linguagem das Flores, tem como personagem principal Júlio Fogaça, membro proeminente do PCP nos anos trinta do século passado. Ao longo de vinte e quatro capítulos, numa escrita disruptiva a que Lobo Antunes já nos habituou, o leitor é levado a interrogar-se sobre a verdadeira identidade desse protagonista. Temas como o tempo, a memória e a identidade, caros ao autor, estão também presentes neste romance. Todavia, a verdadeira pedra angular da narrativa é a descoberta de um livro antigo, que está na origem do título do romance, e que origina uma surpreendente oscilação gráfica entre o português atual e o português do final do século XIX.
PARA OS ÁVIDOS POR CONHECIMENTO
Sapiens: A Origem da Humanidade (Novela gráfica vol. I), de Yuval Noah Harari
Neste primeiro volume da adaptação do brilhante Sapiens: História Breve da Humanidade para novela gráfica, feita em parceria com o escritor David Vandermeulen e o ilustrador Daniel Casanave, Yuval Noah Harari conta-nos a história de um simples símio que acabaria por se tornar o rei do planeta Terra, capaz de dividir o átomo, voar até à Lua e manipular o código genético da vida. Com 248 páginas ilustradas a cores, este é o livro perfeito para alargar o diálogo iniciado em Sapiens:História Breve da Humanidade, e para apresentar o universo e as ideias de Yuval Noah Harari a novos leitores, curiosos pelo que tem sido a longa e agitada história do ser humano.
PARA OS QUE DEVORAM BIOGRAFIAS
Uma terra prometida, de Barack Obama
Em Uma Terra Prometida, Barack Obama narra, na primeira pessoa, a história da sua improvável odisseia, de jovem em busca da própria identidade a líder do mundo livre. Refletindo sobre a presidência, este que foi o 44.º presidente eleito dos Estados Unidos da América e o primeiro afro-americano a assumir o cargo mais importante do país, explora de forma singular o tremendo alcance dos poderes presidenciais, bem como os seus limites, numa altura em que os EUA se preparam para ir a eleições novamente. Maravilhosamente escrito e poderoso, este livro expressa a convicção de Obama de que a democracia não é uma dádiva caída do céu mas uma conquista alicerçada na empatia e na compreensão mútua, construída em conjunto, dia após dia.
As minhas invenções, de Nikola Tesla
As minhas invenções é a fascinante autobiografia de Nikola Tesla, um dos inventores e cientistas mais importantes da História. Dono de um cérebro altamente imaginativo e um processo criativo invulgar, ficou famoso pelas suas contribuições pioneiras para a era da eletrónica, pelo seu conflito ao longo da vida com Thomas Edison e pelo seu comportamento errático. Tendo concebido, entre outras invenções, o sistema de corrente alternada, que possibilitou a transmissão de energia elétrica, e lançado as bases do desenvolvimento da tecnologia moderna — as comunicações sem fios, a robótica, o controlo remoto, o radar, a ciência computacional, a balística, etc., Tesla foi um visionário e uma das mais brilhantes personalidades de sempre.
PARA OS QUE GOSTAM DE UM BOM SUSTO
Kill Creek, de Scott Thomas
Finalista do Prémio Bram Stoker na categoria de Melhor livro de terror do ano, Kill Creek é a leitura perfeita para o acompanhar na noite de Halloween. Da autoria de Scott Thomas, romancista e argumentista, relata a história de Sam McGarver, autor bestseller de livros de terror, que aceita com alguma relutância o convite para passar a noite de Halloween numa das mais infames casas assombradas do país - a Casa Finch - juntamente com mais três mestres do macabro. Contudo, o que começa como uma simples manobra de publicidade não tarda a transformar-se numa luta pela sobrevivência. A entidade que despertaram na casa irá segui-los e atormentá-los, ameaçando torná-los parte do legado sangrento de Kill Creek.
PARA OS MAIS PEQUENOS
A Alma Perdida, de Olga Tokarczuk
Da autoria das polacas Olga Tokarczuk, vencedora do Prémio Nobel de Literatura e do Booker Prize (2018), e Joanna Concejo, vencedora do Livro do Ano pelo IBBY (2013) e Menção Especial do Bologna Ragazzi Award (2018), A alma perdida é uma obra-prima escrita para o público mais jovem, sobre um homem que vivia tão apressado que, sem dar por isso, perdeu a alma. Com ilustrações de alto valor artístico, e pistas subtis que o leitor pode pesquisar de uma página para outra, esta é uma reflexão profunda e comovente sobre a capacidade de cada um de viver em paz consigo e permanecer paciente e atento ao mundo.