"O Albatroz", de Charles Baudelaire
Por: Bertrand Livreiros a 2021-04-09 // Coordenação Editorial: Marisa Sousa
Últimos artigos publicados
Autor daquele que é considerado um dos maiores marcos da poesia moderna e simbolista (As flores do mal), Charles Baudelaire foi um poeta e crítico francês que influenciou gerações de escritores. Assinalamos hoje, dia 9 de abril, o 200º aniversário do seu nascimento, recordando um dos seus poemas mais memoráveis, O Albatroz, sobre a condição singular dos poetas - esses cujas asas de gigante os impedem de andar.
O Albatroz, de Charles Baudelaire
Às vezes, por prazer, os homens da equipagem
Pegam um albatroz, imensa ave dos mares,
Que acompanha, indolente parceiro de viagem,
O navio a singrar por glaucos patamares.
Tão logo o estendem sobre as tábuas do convés,
O monarca do azul, canhestro e envergonhado,
Deixa pender, qual par de remos junto aos pés,
As asas em que fulge um branco imaculado.
Antes tão belo, como é feio na desgraça
Esse viajante agora flácido e acanhado!
Um, com o cachimbo, lhe enche o bico de fumaça,
Outro, a coxear, imita o enfermo outrora alado!
O Poeta se compara ao príncipe da altura
Que enfrenta os vendavais e ri da seta no ar;
Exilado no chão, em meio à turba obscura,
As asas de gigante impedem-no de andar.